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Tente imaginar a seguinte situação: você quer comprar um ingresso para um festival de música, cuja atração principal é rock. Chegando na bilheteria, descobre que não poderá entrar, nem mesmo comprar o tão desejado ingresso, simplesmente porque você gosta de música eletrônica. Você não tem escolha!
Parece estranho? Confuso? Sem nexo? Até mesmo ridículo? Pois é. Aconteceu no futebol. Aliás, continua acontecendo, em São Paulo e Rio de Janeiro. A justiça “condenou” os torcedores comuns dos grandes times desses estados, achando que atingiria as torcidas organizadas. Justamente a parcela que continua ocupando os estádios em todos os jogos. E essa atitude já começou a causar confusão e dúvidas, mais no Campeonato Carioca do que no Campeonato Paulista, em relação às fases finais, para saber onde será o jogo e de quem será o mando de campo da final (pelo regulamento, seria da Federação).
A medida não mostra somente o total descaso e falta de organização de clubes e federações, como também o não conhecimento dos mesmos sobre seus torcedores. Até porque, nos clássicos cariocas é difícil de se pensar, mas, dos quatro clubes, ditos grandes, de São Paulo, três são da capital e um é do litoral. Um torcedor do Corinthians, Palmeiras ou São Paulo, que mora na Baixada Santista, por exemplo, não pode ver seu time na Vila Belmiro. O mesmo acontece para torcedores do Santos que vivem na capital, e demais torcedores que vivem em regiões perto do estádio rival, como Perdizes, Morumbi e Itaquera. Ponto para o não conhecimento!
Agora, quem é de fora, deve estar imaginando o tamanho da última briga em estádios, para que essa medida fosse tomada. E então, quando vamos explicar a tal, pegando o estado do Rio como exemplo dessa vez, vamos lembrar do jogo entre Botafogo e Flamengo, onde a confusão se deu fora do estádio. Como consertar o problema? Deixando as pessoas que já estavam fora do estádio, fora de estádios. Genial! E o que fazer com os que estavam lá dentro, sem se envolver na briga? A mesma coisa! Ponto para o descaso e desorganização!
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Ou seja, atualmente, nenhum torcedor do time rival pode entrar no estádio do mandante. Isso somente nos clássicos estaduais. Porém, não é difícil achar que a decisão da justiça se espalhe por todo o país. Casos do tipo acontecem em todo lugar. Ano passado, torcidas de Palmeiras e Flamengo brigaram em Brasília. O jogo foi paralisado por um tempo. Em 2014, um torcedor morreu com um vaso sanitário atingindo sua cabeça, em Pernambuco. O objeto caiu de uma altura de 24 metros. Joinville protagonizou cenas horríveis em jogo entre Atlético-PR e Vasco, em 2013.
Quanto tempo para termos somente jogos com torcida única? Para acabar com a beleza do futebol? Vemos um retrocesso que atinge esporte e sociedade. E por que? Campanhas como a da dupla Gre-Nal, por torcidas juntas, não deveriam causar surpresa. Se hoje relembramos com saudade da época em que nossos clubes eram fortes e davam medo em jogos contra europeus, quanto tempo para termos o mesmo sentimento pela época das torcidas dividindo o estádio?
O país da invasão corintiana, dos recordes de público no Morumbi e Maracanã, ultrapassando os 100 mil torcedores, decidiu evoluir no esporte, mas acabou retrocedendo em todos os aspectos possíveis de se imaginar. A beleza parece ter se perdido nos anos e os jogos se mostram cada vez mais sem vitalidade, tomados por cores únicas, as decididas pelos responsáveis do terror, aqueles que tatuam um escudo no corpo e vestem suas fantasias de torcedor para tirar mais vidas, toda quarta e domingo.
Enquanto lamentamos, as pessoas que deveriam buscar a melhoria do nosso futebol, ficam no ar-condicionado, deixando a festa do esporte continuar na história, como se tivesse existido em uma era impossível de se viver outra vez.
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