Crédito foto: Reprodução Facebook Sport Recife
Certa vez, marquei um compromisso com uma amiga. “Vamos marcar outro dia? Lembrei que hoje tem jogo, melhor não sair de casa”, sugeriu ela. É cada vez mais comum, pessoas, amantes ou não do esporte, adequarem suas rotinas aos jogos de futebol de sua cidade. Cansei das vezes em que vi amigos irem mais cedo para casa com medo de encontrarem torcidas organizadas no caminho.
Domingo, calor em Recife, bom horário, céu brilhando, perfeito para um bom público de futebol, não é? Não. Decidi chegar cedo à Ilha do retiro para assistir ao jogo Sport x Coritiba pela 26º rodada do Campeonato Brasileiro. Como preciso de ônibus para me locomover, o mais prudente era chegar cedo para não ser alvo de depredação dentro do transporte público.
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No caminho de comprar uma cerveja, encontrei dois coroas conversando sobre a provável escalação do Sport para o jogo, quando os interrompi com a seguinte pergunta: qual a opinião de vocês sobre as torcidas organizadas? Um deles se sentiu desconfortável e preferiu dar mais um gole em sua cerveja. “Nada contra, acho até bonito a festa que fazem no estádio”, disse seu amigo conciso na resposta.
E fora dele? “Fora do estádio é outra história, mas é melhor prevenir, tenho trinta anos de estádio e nunca tive problemas. Chego cedo ao estádio para tomar uma cerveja e pego uma rota que normalmente não tem brigas, a gente acaba se acostumando e arrumando um jeito de não correr risco”, comentou o coroa.
O que ele quis dizer é que só sofre as consequências quem procura. Mas, na prática sabemos que não é bem assim, o Brasil é recordista de mortes por causa do futebol, toda essa violência deixa a população refém em dias de jogo. Mas, é fato, que a festa no estádio que a torcida organizada promove deixa alguns torcedores divididos. Apesar de tudo propício, pouco mais de sete mil pessoas foram assistir a derrota do Sport frente ao Coxa.
O baixo público deve-se, provavelmente, ao confronto entre torcidas organizadas da semana anterior, quando um grupo de torcedores do Sport agrediram covardemente um torcedor do Santa Cruz. Houve promessa de retaliação futura, consequentemente, algumas pessoas ficaram com um pé atrás.
Em suma, a violência, cada vez mais, vem ganhando uma parte significativa na agenda social da população. Se as autoridades não encontrarem uma estratégia alternativa para conter esse tipo de ação, a população continuará no meio desse fogo cruzado.
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