Credito foto: Paulo Pinto / Divulgação / Site oficial do clube
Para quem conhece o futebol brasileiro a demissão de Rogério Ceni não foi nenhuma surpresa. Para quem é são-paulino, menos ainda. Era apenas questão de tempo para a diretoria do clube “fritar” mais um treinador. A demissão de Rogério Ceni foi a 17ª do clube nos últimos oito anos. Vale lembrar que Juan Carlos Osorio e Edgardo Bauza deixaram o time por contra própria, para assumir as seleções do México e Argentina, respectivamente.
Mas se formos contar todos os treinadores que passaram pelos arredores do Morumbi nos últimos anos, veremos que foram 15 desde 2009, sendo que foram duas passagens de Muricy Ramalho e Ricardo Gomes (ambos demitidos nas duas oportunidades). Ou seja, são 17 trocas no comando em apenas oito anos. É uma média de mais de dois treinadores por temporada, e literalmente tem sido assim. O único ano em que o clube começou e terminou a temporada com o mesmo comandante foi em 2014. Nos demais, foram no mínimo duas trocas por ano.
A demissão do maior ídolo da história do São Paulo derruba qualquer tentativa de evolução no que diz respeito a estilo de jogo. A ideia de ter um futuro promissor, com um padrão de jogo definido, com uma equipe competitiva mesmo sem grandes estrelas, foi morta. É claro que Rogério Ceni ainda não tinha conseguido encontrar um estilo de jogo para o time. Mas a partir do momento em que a diretoria o contrata, ela tem que estar ciente do que está por vir. E estando, a mesma tem que absorver os fracassos imediatos, visto que o objetivo é um sucesso a longo prazo. Era impossível exigir um sucesso imediato de um treinador totalmente inexperiente. A partir do momento que ele é contratado, é obrigação da direção dar a ele, e a qualquer um que estivesse em seu lugar, transparência e confiança. Quando ocorre a demissão, fica claro que não há confiança.
Crédito foto: Rubens Chiri / Divulgação oficial do clube
Desde o começo do ano se discutia isso, o que aconteceria com Rogério Ceni se ele tiver uma sequência negativa? Fácil dizer. Aconteceu o mesmo dos 17 técnicos anteriores. São seis partidas consecutivas sem vitória no Campeonato Brasileiro, situação que se acumula com as três eliminações sofridas pela equipe meses atrás. Para os diretores, isso é o suficiente para dizer que o trabalho fracassou.
Mas quem são eles para dizer isso? Uma direção que se vangloria por ser uma excelente “vitrine”, pois acham que o clube é uma loja, e o objetivo não é ganhar títulos, e sim lucrar. Vale lembrar que há algumas semanas, o atual executivo de futebol do clube, Vinicius Pinotti, provocou o Corinthians ao dizer que o São Paulo é uma vitrine muito mais atrativa, e que as vendas dos atletas comprovam isso. Mas o time do Parque São Jorge que, segundo ele, não vende tão bem seus jogadores, porém o rival é líder do Brasileirão e foi campeão paulista no início do ano. O Corinthians não é exemplo algum em gestão de futebol, mas dentro de campo a equipe consegue render. O Tricolor do Morumbi não rende dentro de campo desde 2009.
Crédito foto: Rubens Chiri / Divulgação oficial do clube
Talvez tenha faltado ao Rogério um enfrentamento perante a direção. Ele é maior que os atuais diretores do clube. Ele tem tamanho para enfrentá-los e criticá-los na frente da imprensa. Com o tamanho que ele tem, isso poderia segurá-lo no cargo. Osorio, em 2015, fez duras críticas a diretoria da época, que também desmanchou a equipe no meio do trabalho do treinador. O colombiano era totalmente aberto nas coletivas, dizendo que a cada semana ele tinha uma equipe diferente. Nem uma derrota no Morumbi por 3 a 0 para o lanterna do Campeonato Brasileiro foi suficiente para o então comandante ser demitido. Ao bater de frente com a direção, ele mostrava que não poderia fazer muita coisa e que o planejamento era para o ano seguinte. Isso fez com que ele fosse um dos únicos a não ser demitido do clube. Rogério Ceni poderia ter tido um comportamento diferente com relação a isso. Preferiu confiar na diretoria e acabou apunhalado pelas costas.
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