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Após a terceira eliminação consecutiva em um período de apenas 22 dias, restou ao São Paulo apenas a disputa do Campeonato Brasileiro em 2017. No início do ano, eram quatro competições a jogar, mas agora é apenas uma. Um ano que prometia ser diferente dos outros está sendo do mesmo jeito, com eliminações para cá e para lá. Começando pelo Campeonato Paulista, no qual o Tricolor do Morumbi não consegue um título desde 2005. Depois, na Copa do Brasil, torneio que nunca foi conquistado pelo clube. E agora, na Copa Sul-Americana.
A expectativa para o trabalho de Rogério Ceni era muito grande, com um estilo ofensivo, sendo um treinador estudioso, analítico etc. Realmente, essas são qualidades fundamentais para um bom treinador de futebol, mas o contexto estrutural do clube jamais pode ser ignorado.
O principal problema do São Paulo está longe de ser o esquema tático de Rogério Ceni. Apesar de pouco falado na mídia, o clube enfrenta sérias dificuldades financeiras. As vendas de David Neres e Lyanco explicitaram isso. A diretoria não consegue fechar acordo com um patrocinador master, não consegue trazer reforços de peso para o elenco, e ainda precisa concluir os pagamentos das contratações de Maicon e Lucas Pratto.
Crédito foto: Reprodução/Facebook oficial do clube
Mas além do financeiro, há também a questão política. Após a eleição de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, uma onda de acusações surgiu sobre a votação. Muitos conselheiros aliados ao presidente eleito acusaram a chapa de José Eduardo Mesquita Pimenta, candidato da oposição, de realizar compra de votos. Em contrapartida, os aliados do opositor argumentaram sobre Leco pertencer ao mesmo lado político de Carlos Miguel Aidar, que em 2015 renunciou ao cargo de presidente sob acusações de desvio de dinheiro.
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Mas a questão não é quem apoia quem. E sim a ideologia do clube. O São Paulo, ao menos não demonstra ter, uma diretoria transparente. As decepções dos torcedores estão muito ligadas à expectativa gerada pelos dirigentes. Todo início de ano, algum membro da diretoria vai a público e diz: “esse ano, ganharemos títulos!” Só que o time que é montado não é passivo de conquista de títulos. Cabe a diretoria ser honesta com seus torcedores. Se a previsão é de uma temporada complicada em termos financeiros, a torcida tem o direito de saber e não ser iludida. Deveria o presidente do clube dar uma entrevista mais ou menos nesse tom: “olha, esse ano vamos trabalhar cuidando das finanças, portanto montaremos um time de nível regular para brigar por uma vaga na Libertadores”.
Desde 2009, o clube é eliminado em competições de estilo mata-mata. Nesses oito anos, foram 17 técnicos no comando do time. O que mostra que a responsabilidade não é apenas do treinador deste ano. A obrigação de Rogério Ceni, neste ano, não é ganhar títulos, e sim dar um padrão de jogo a uma equipe que vem sendo, nos últimos dois anos principalmente, uma grande bagunça dentro de campo. Ele tem um grande elenco a sua disposição? Não. Com algumas exceções, como Rodrigo Caio, Pratto e Cueva, o São Paulo apresenta um time limitado. Aquela ótima partida contra o Cruzeiro é o limite desses jogadores. É muito improvável que o treinador consiga tirar mais de seus atletas do que naquele jogo. Mas quem vendeu a ideia de ganhar títulos não foram os jogadores nem a comissão técnica, e sim os dirigentes.
Essa é a mentalidade que há de ser mudada no Morumbi. Não adianta ganhar títulos e se encher de dívidas. É necessário acabar com aquele discurso de que só porque o clube tem muita tradição, tem a obrigação de ganhar todos os campeonatos que disputar. O São Paulo precisa de uma diretoria transparente, que enxergue o problema, diga abertamente aos seus torcedores, e resolva-os o mais rápido possível. E não é vendendo jogadores para todo lado que se atinge uma estabilidade financeira, como se esperava que acontecesse com as vendas de Neres e Lyanco. O clube sofre com desmanches de elenco desde 2015. Está mais do que claro que esta não é a solução.
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