Crédito foto: Getty Images
Atualmente no Brasil alguns jogadores estão saindo de suas equipes muito cedo, nem jogaram pelo elenco profissional e já são negociados ainda na base. Muitos criticam neles a falta de amor à camisa do clube. Mas, e garantirem suas vidas financeiras? Também não é importante?
Nesses últimos anos, o futebol chinês é o lugar para onde os jogadores estão indo, caso de Gil e Renato Augusto, ex-Corinthians. Como o futebol na China não é de grande expressão e o seu campeonato muito menos, esses atletas podem perder espaço na Seleção Brasileira - onde qualquer um quer estar. Por exemplo, Diego Tardelli, Everton Ribeiro e Ricardo Goulart já vestiram a amarelinha, mas ao irem para o outro lado do mundo, perderam visibilidade.
Iremos mostrar nessa reportagem especial, por meio de relatos de atleta e ex-atletas, como é o mercado da bola de sul a norte do país.
Alexandre Alves
Crédito foto: Arquivo pessoal do atleta
O atleta atuou em diversos clubes nacionais - Atlético Mineiro, São Paulo, Portuguesa e Santos - e no internacionais - México e Japão. Alexandre jogou ao lado de Roberto Carlos (ex-Palmeiras e Real Madrid-ESP), Müller (ex-São Paulo e Torino-ITA), Gilberto Silva (ex-Atlético Mineiro e Arsenal-ING), dentre outros.
Ao longo de sua carreira, na década de 90/2000, quando o futebol era mais conhecido pela qualidade de grandes jogadores, Alexandre viu a transição da paixão para o dinheiro.
Crédito foto: Arquivo pessoal do atleta
Com a sanção da lei Pelé, em 98, que deu direitos aos atletas com relação a seus passes, os agentes começaram a entrar com força no mercado, visto que, antes, os clubes eram donos dos passes dos jogadores. Isto foi bom pelo lado financeiro do atleta, já que assinavam contratos melhores em outros clubes.
Alexandre trabalha com garotos, ajudando em suas possíveis carreiras e vê como é difícil um jovem atuar em qualquer clube. “Viajo muito visitando clubes e vejo pessoas do próprio local pedindo dinheiro para que os garotos fiquem”, conta o jogador.
Marcos Paullo Peixoto
Crédito foto: Divulgação / New York Red Bulls
O atual jogador do Moto Club, de São Luís, passou por dificuldades como atleta. Atuou em muitos clubes no interior do país, além do New York Red Bulls da MLS. Aqui, viveu muitas experiências, dentre elas, clubes e jogadores reféns de agentes. “Futebol hoje é rápido, se o clube tem mau rendimento no começo do campeonato, logo se especula troca de treinadores e jogadores”, afirma o jogador.
Crédito foto: Arquivo pessoal do atleta
“Aproveitando essas mudanças, os agentes veem essa oportunidade para inserir seus jogadores, ou seja, prejudicando atletas que não têm agentes. Por essas razões os clubes ficam reféns”, argumenta Marcos Paullo.
Claro que há falta de calendário, atrasos nos salários, mas as razões por trás de idas e vindas vão além do campo.
Paulo Rogério, “Tico”
Crédito foto: Divulgação / Site oficial do clube
Paulo Rogério, mais conhecido como Tico, atuou junto com Alexandre na Portuguesa, onde é reconhecido de longe pelos torcedores da Lusa, já que lá esteve desde seus 14 anos.
“Joguei desde dente de leite até o profissional e estar presente em momentos importantes do clube faz com que o atleta tenha uma identidade”, explica Tico.
Crédito foto: Divugação / Site oficial do clube
“Sobre proposta, fui emprestado algumas vezes, ia e voltava, acho que era para pegar mais experiência”, diz Tico, que fez parte da maior geração do clube. Era atacante e fez dupla no ataque com o ex-jogador Dener (falecido), conquistando a Copa São Paulo de forma surpreendente e fazendo a maior campanha da história do campeonato em 91. Chegou, também, a uma final inédita de Brasileirão, em 1996.
“Hoje vejo (o mercado) de forma diferente, estamos em outra época, a valorização é outra. O clube, na maioria das vezes, não consegue cobrir a proposta que vem, então ele pensa: não posso recusar essa proposta e perder um valor que vai ajudar nas finanças. O atleta por si pensa na família, na sua independência financeira”, afirma o ex-jogador, que hoje é técnico das categorias de base da Portuguesa.
Situação brasileira
Aqui é assim: clubes sem dinheiro e outros com muito, jogadores que assinam contratos bem altos comparados aos da expressiva maioria no país. Além das jovens promessas que acabam entrando na jogada.
O futebol brasileiro se tornou um mercado. Interesses financeiros tomam conta de grande parte dos clubes no país. Patrocinadores, agentes, funcionários e diretores estão focados em lucrar, não em preservar o patrimônio, que são seus atletas.
Vendo pelo lado humano do atleta, a vantagem é ser dono de seu destino, controlar suas finanças e fazer o melhor para sua família.
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