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Após a derrota para a Bolívia na altitude de La Paz, na última terça-feira, 28, a Seleção da Argentina caiu para a quinta colocação das Eliminatórias Sul-Americanas. Se estas terminassem hoje, o time comandado por Edgardo Bauza iria disputar a vaga na Copa do Mundo de 2018 na repescagem. E para piorar a situação, o craque da equipe, Lionel Messi, está suspenso de quatro jogos pela FIFA, por ofender o auxiliar de arbitragem brasileiro Emerson de Carvalho, na vitória sobre o Chile por 1x0. Mas esses são só mais alguns dos vários problemas enfrentados pela seleção.
Internamente, o futebol argentino vive uma crise que parece não ter fim. Após a morte de Julio Grondona, presidente da AFA (Associação de Futebol Argentino) por mais de 30 anos, em 2014, a federação e os times entraram em uma enorme crise financeira, seguida por inúmeros escândalos de corrupção envolvendo dirigentes que comandam o futebol no país. Com o falecimento de Grondona, os casos de máfia e lavagem de dinheiro começaram a ficar cada vez mais evidentes. Em dezembro de 2015, foi convocada uma eleição para definir o novo presidente da AFA, na qual houve mais um escândalo. Nesta votação, 75 pessoas deveriam participar, porém, a eleição acabou em um empate de 38 votos para cada lado. Até hoje não se sabe de onde veio este “voto fantasma”. Com isso, Luis Segura teve que assumir o comando de forma interina.
Hoje, a AFA se encontra sem presidente. A eleição marcada para 30 de junho de 2016 foi suspensa pela Inspeção Geral de Justiça Argentina, que elaborou investigações sobre a entidade. Novas eleições estão marcadas para 28 de abril deste ano.
Mas esta enorme crise não afeta apenas a Federação Argentina. O presidente do país, Mauricio Macri, resolveu acabar com o programa “Futebol Para Todos”, instituído em 2009 pela ex-presidente Cristina Kirchner. Este programa dava ao Estado o direito de transmissão dos jogos dos campeonatos pelo país. Estima-se que 70% do financiamento dos clubes vinham dessa verba paga pelo governo. O fim do programa representou um golpe aos clubes, que entraram em uma crise econômica muito grande. Com o governo encerrando este pagamento, quem deveria bancar esta verba era a AFA. Porém, sem condições algumas, a Federação não repassava esses valores aos clubes, que por sua vez, não pagavam os jogadores. Isso fez com que o Campeonato Argentino fosse afetado. Programado para se iniciar no dia 7 de fevereiro, o torneio foi paralisado por duas semanas, por uma greve feita pelos atletas junto ao Sindicato dos Jogadores Argentinos.
Macri terminou com o “Futebol Para Todos” com o argumento de que o governo não iria mais participar do futebol do país, defendendo que os clubes se organizem entre si para criar uma liga independente. Porém, não é bem assim que as coisas estão acontecendo. Hugo Moyano, presidente do Independiente e do Sindicato dos Operários, revela abertamente querer se candidatar à presidência da AFA. Porém, ele foi quem organizou uma das primeiras manifestações contra o governo de Mauricio Macri. Com isso, o presidente do país tenta vetar a candidatura de Moyano. Há ainda muitos veículos na imprensa argentina que dizem que as eleições de 2016 foram suspensas por haver grandes chances do opositor do presidente do país conseguir votos suficientes, e assim, presidir a Federação.
É muito fácil olhar para a atual situação da Seleção Argentina e culpar os jogadores e a comissão técnica. Mas é uma ilusão acreditar que Bauza irá abdicar de seu estilo de jogo pragmático. Todos conhecem seu método de trabalho, sabem como monta suas equipes. Apesar de Diego Simeone e Jorge Sampaoli terem recusado o convite para assumir a equipe, após a saída de Tata Martino, a Argentina conta com vários outros bons treinadores, com ideias de jogo atuais, métodos não pragmáticos. Então, a culpa é realmente de Bauza, ou é de quem o escolheu para levar a equipe à Copa do Mundo na Rússia e de quem está acabando com o futebol na Argentina? Aguardemos cenas dos próximos capítulos deste que já é um dos maiores escândalos do futebol internacional!
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