Crédito foto: Divulgação / Acervo Joel Fridman
Não. Não há nenhum outro nome no CrossFit brasileiro que seja tão relevante como o de Joel Fridman, percursor da marca no Brasil e dono do primeiro box do país, a CrossFit Brasil, aberta em 2009 e localizada na Zona Oeste da cidade de São Paulo. Fridman dispensa qualquer apresentação e é referência absoluta neste assunto.
Para quem não sabe, o primeiro contato dele com o treinamento intenso e constantemente variado aconteceu em Vancouver, Canadá, um ano antes dele se mudar para lá. ‘’O ambiente acolhedor e o estilo de treino me fizeram querer estar lá no ano seguinte quando eu me mudasse. E foi isso que fiz, fui começar a treinar no dia seguinte que cheguei e nunca mais parei. Daí por motivos pessoais tive que voltar ao Brasil e como profissional da área e já estar dando treino na CF Vancouver, não via outra coisa na minha vida com que trabalhar aqui no Brasil do que com essa "coisa" nova’’, relembra o professor.
Fridman ainda frisou: ‘’Na época, eu não sabia se ia funcionar, se ia pegar, mas arrisquei confiando nos resultados que eu sabia que podia dar a meus alunos e também que era uma nova maneira de conseguir novos alunos. Ufa, ainda bem que deu certo e graças àquilo estamos onde estamos hoje em dia, com mais de 800 ginásios oficiais afiliados no País’’, ressalta o professor.
Críticas construtivas
Questionei Joel sobre o atual momento do CF. Como ele próprio disse, o número cresceu bastante, mas como tudo em nossa vida há lados positivos e negativos. Segundo Fridman, o lado positivo é que muita gente começou a falar bem sobre o treinamento de alta intensidade, usando movimentos globais, e isso está fazendo com que as pessoas usem cada vez menos movimentos isolados e máquinas para sua saúde geral – o que obviamente é mais eficiente e seguro.
Já do lado negativo ele disse: ‘’Vejo a mudança de foco e filosofia do treinamento para o lado competitivo. As pessoas estão extrapolando demais e não mais usando uma competição saudável como forma de estímulo de treino. Eu adoro competir, e entendo isso, porém é necessário saber ensinar as pessoas, nossos alunos, que existe uma linha perigosa que separa a superação de seus limites e tentar ganhar a qualquer custo’’, salienta Fridman.
Crédito foto: Reprodução Facebook oficial do Torneio CB
Ele ainda complementa: ‘’Hoje em dia as pessoas estão agindo muito por empolgação, estética e exposição, o que está levando muitas pessoas há se perderem um pouco no real motivo que as trouxeram para a CF. Óbvio que têm casos que realmente nasceram para isso, para competir, e estão dispostas a sacrificar a sua saúde para ganhar competições, como em qualquer outro evento competitivo, porém creio que existem muito mais pessoas que por não estarem esclarecidas sobre as possíveis consequências de ser um atleta competitivo, acabam pagando um preço mais alto do que esperavam’’, alerta o percussor.
Uma dúvida que todos nós, praticantes ou donos de boxes, já tivemos ou ainda temos é certamente o que define um bom coach e box. Sobre essa questão, ele foi conciso e crítico: ‘’O box em si é apenas um atrativo visual e de conforto, lógico, porém já vi boxes maravilhosos com treinadores horríveis, e daí acabam fadados a não alcançarem o seu sucesso. Os treinadores e principalmente o Head Coach de cada box têm que estar alinhados com suas propostas e proporcionar aos seus alunos uma evolução segura e eficiente’’, ressalta Fridman.
Crédito foto: Reprodução Facebook oficial do Torneio CB
O percursor ainda afirma que não cogita abrir mais boxes no Brasil e que prefere, como treinador e Head Coach, manter o seu trabalho mais focado. ‘’Tenho planos de continuar usando o meu know-how para ajudar as pessoas a não abrirem boxes sem planejamento ou até mesmo para recuperar alunos’’, destaca Fridman.
Brasileiros no South Regional
Crédito foto: Reprodução Instagram oficial Anderon Primo
O que falta para nós conseguirmos uma vaga no Games? Segundo Fridman, cultura esportiva de base e massificação. ‘’Grandes atletas não são feitos da noite para o dia, em poucos dois a cinco anos, e quando você pega os melhores atletas de cada modalidade o que se pode ver é que eles tiveram uma estrutura de base que lhes proporcionou um repertório motor maior antes de decidirem por uma especialização. Isso em geral acontece quando você proporciona o acesso ao esporte para a maior quantidade de pessoas possível, na sua melhor fase de aprendizagem motora, ou seja, infância e adolescência, e nisso o Brasil e América Latina pecam’’, alerta o professor.
Crédito foto: Reprodução Instagram oficial Caho Hobo
Fridman ainda disse que não tem uma análise concreta dos brasileiros no South Regional, mas disse que os resultados refletem o que aconteceu no momento e não existe um ‘’se’’ em uma competição. ‘’Sempre torço muito não por um lado pessoal, mas também por um evento divertido de se assistir. Obviamente que adoro ver os brasileiros competindo, mas realmente dá uma emoção à parte ver meus antigos pupilos na arena de competição’’, comenta o professor coruja.
Torneio CrossFit Brasil
Entre os dias 24 e 27 de agosto será disputado em Valinhos (SP), o TCB. Questionei Joel Fridman sobre as expectativas para o torneio. Segundo ele, podemos esperar muito mais diversão e provas desafiadoras. ‘’O novo local, na Laroc, e nossa parceria com a Gladius nos ofereceu um leque de possibilidades e qualidade nunca antes vistos em um evento nacional. Acho que realmente vai ser épico, assim como foi o Verão CF Brasil em 2014, onde pudemos sair da mesmice sem perder a essência da competição de alto nível. Esperem por provas diferentes e um ambiente excitante’’, enfatiza Fridman.
Crédito foto: Reprodução Facebook oficial do Torneio CB
Outro ponto debatido com ele está na questão de patrocínio e incentivo governamental. Segundo ele, houve uma baixa no aporte de patrocinadores em eventos. ‘’Caiu muito nos últimos anos. CrossFit é uma marca, não um esporte em si, então eu não vejo como esperarmos incentivos por exemplo do governo. E infelizmente a CrossFit Incorporation não tem uma política de apoiar eventos privados. No caso do TCB, por exemplo, não trabalhamos com um volume de atletas para bancar o evento, e isso pesa muito na hora de fechar as contas’’, finaliza Joel Fridman.
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