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Fernando Reis. Sim, este é quinto homem mais forte do mundo e dispensa qualquer apresentação. O atleta olímpico brasileiro concedeu entrevista exclusiva ao Esportudo.com para falar sobre o CrossFit e abordou temas como, por exemplo, como a modalidade contribuiu para LPO (Levantamento de Peso Olímpico), o que falta para o CrossFit crescer ainda mais, trouxe dicas, além de alertar sobre os erros mais comuns e dissertou sobre a falta de incentivo da CBLP, entidade responsável pelo LPO brasileiro nas Olimpíadas.

Para ele, a primeira coisa que você tem que saber é a parte técnica. De nada adianta tentar levantar uma carga alta se você não tem uma parte técnica bem apurada. ‘’Se ele não sabe realizar um movimento com a barra, ele não vai conseguir realizar um WOD de 30 movimentos. Seja de arranco, arremesso, deadlift ou qualquer outro movimento. É como qualquer coisa. Você não consegue colocar cargas altas se você não tiver uma boa parte técnica. Senão, você terá apenas duas saídas: errar o movimento ou se machucar. Fatalmente uma dessas coisas irá acontecer’’, afirmou Reis.

Exercícios mais completos e erros mais comuns

Questionado sobre quais são os exercícios mais completos utilizados na modalidade ele afirmou que sem sombra de dúvidas é o arranco/snatch. Reis ainda ressalta que ele é o segundo movimento mais técnico dentro das modalidades olímpicas. Outro exercício a ser destacado é o clean and jerk, outro movimento que demanda muita técnica e força.

Para se ter uma ideia, no arranco/snatch você aprende a usar entre 95% e 98% da sua massa corporal para realizar o movimento, mas sempre respeitando o limite de cada atleta. Ele é um movimento neural onde você tem que aprender a mandar estimulo para o seu corpo para trabalhar da maneira correta.

Crédito foto: Divulgação oficial COB

Segundo ele, tanto o squat snatch ou snatch, que é o clássico, quanto o clean and jerk são exercícios naturais. ‘’Você pode ver uma criança realizando esses exercícios. Não é nada que o seu corpo não consiga realizar. Só que durante o exercício, o que o seu corpo quer? Ele procura a maneira mais fácil de realizar o movimento e nem sempre a maneira mais fácil é o modo correto. Você tem que respeitar as posições mantendo as costas seladas, peito aberto, bem apoiado no chão e a posição da cadeira/quadril é sempre essencial. Eu vejo muita gente com o quadril solto, dentre outros defeitos técnicos’’, ressaltou Reis.

O atleta olímpico ainda fez questão de alertar: ‘’Os erros mais comuns são não aprimorar a parte técnica e não ter um autoconhecimento físico para realizar o movimento. Eu já fiz faculdade e trabalhei fora em alguns boxes, onde eu pude perceber que a maioria dos americanos têm um background esportivo muito forte, seja de atletismo, na ginástica e no próprio levantamento de peso. A grande maioria dos brasileiros não tem esse respaldo esportivo, ou seja, eles começaram a praticar a atividade sem uma base’’, disse o atleta olímpico.

Mas não é de hoje que a modalidade vem crescendo aqui no Brasil. Para se ter uma ideia, são mais de 600 boxes (espaço de treinamento) atualmente, sendo um terço no estado de São Paulo. A tendência é que esses números aumentem ainda mais.

‘’O pessoal está começando a ter uma preocupação maior agora no Brasil em relação à parte técnica, mas há muitas pessoas que não conhecem e acabam passando de uma maneira equivocada, o que não é ruim, é bom. Quanto mais pessoas passarem o conhecimento isso é bom, mas é preciso tomar muito cuidado porque se você fizer um movimento de uma maneira errada você pode acabar se machucando e no levantamento de peso quanto mais peso você levanta mais risco você corre de se machucar. Mesmo eu, tendo uma parte técnica apurada, com 16 anos de carreira e alguns títulos importantes eu carrego algumas lesões comigo, por causa do excesso de peso, isso é natural. O corpo humano pode suportar até um certo nível, depois disso fica complicado’’, alertou o brasileiro.

Maior visibilidade ao LPO

Crédito foto: Reprodução Facebook oficial do atleta

Questionado sobre a visibilidade que o CrossFit trouxe para o LPO ele não poupou nos elogios. ‘’Foi fantástico. É uma atividade que me encanta. É algo realmente de alta intensidade. Algo que tem um senso de comunidade onde as pessoas se sentem incluídas. No meu próprio box, eu vivencio diariamente como as pessoas mudam a vida. São pessoas que nunca fizeram nada, que não tem um corpo físico atraente e acabam mudando. Isso reflete no trabalho, na vida pessoal, então foi algo genial e que alavancou muito o mundo do levantamento de peso’’, disse Reis.

Infelizmente as entidades brasileiras não tem essa mesma visão que o CrossFit tem, mas a modalidade com certeza conseguiu trazer o público mais próximo do pesista, onde a pessoa que está treinando consegue ter uma referência. ‘’Um cara que faz 60kg de snatch, ele consegue pensar: pô, o Fernando faz 200kg de snatch, meu quanto peso é isso? Acaba criando uma relação e isso é bem bacana’’, comentou o atleta olímpico.

Preparação entre uma Olimpíada e outra

Crédito foto: Getty Images

Em relação a CBLP, entidade responsável pelo LPO brasileiro, segundo ele o apoio entre uma Olimpíada e outra é bem fraco. ‘’Tudo é uma briga. Tem que pedir pelo amor de Deus para fazer. Enfim, é tudo como se fosse um grande favor e não uma obrigação da entidade. Então, eu realmente procuro fazer a minha corrida por fora e não me preocupo tanto com isso, porque se eu ficar me preocupando eu não vou resolver absolutamente nada’’, afirmou o atleta olímpico. Ele ainda ressaltou que se prepara em seu próprio ginásio e enalteceu a parceria do Esporte Clube Pinheiros, clube que dá total respaldo a ele.

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