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Concussões cerebrais em campo? CBF propõe projeto sobre o assunto

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Crédito foto: Getty Images

Se lesionar dentro de campo já não é fácil, agora imagina só levar uma pancada na cabeça – seja proveniente de um cotovelo, joelho, braço... - dói, né? E se duas cabeças se chocarem? Arrepiei só de pensar! Inclusive, foi a partir desse pensamento que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) propõe um projeto inédito: a substituição temporária de dez minutos para lesões, principalmente em casos de concussões cerebrais. O próprio nome já diz, o jogador lesionado ficaria fora dos gramados temporariamente por dez minutos fazendo testes e em observação, enquanto isso, um outro jogador o substituiria; assim que o atleta lesionado estiver apto para jogar ele poderia voltar e quem o substituiu retornaria para o banco - ou seja, o técnico não precisaria gastar uma das três substituições e o time não correria o risco de ter que jogar com um a menos. 

As concussões cerebrais são um tipo de trauma cerebral de gravidade leve com efeitos geralmente temporários e reversíveis, podem acontecer com contato direto de cabeça com cabeça ou com choque/pancada com joelho, ombro ou chão. De acordo com um levantamento da CBF na Série A de 2016, a partir de dados relatados pelos médicos dos clubes, os choques de cabeça hoje já são a segunda maior causa de entrada de médicos para atendimento em campo com 9,96%, ultrapassando até mesmo lesões em joelho, perdendo apenas para as de coxa, que são as mais comuns com 42,4%. E não é incomum que quando isso acontece o atleta ao acordar queira voltar, algo ruim, pois não se deve antecipar sua volta à partida antes de realizar todas as perguntas, exames e procedimentos, além de permanecer em observação.

As possíveis consequências dessa pancada são desde mais “leves”, como problemas na visão, perda de memória ou consciência, reações emocionais como depressão ou agressão, cansaço, dor de cabeça, vômitos, confusão, problemas de concentração ou coordenação motora - elas podem aparecer alguns minutos depois da pancada, mesmo que o jogador se considere “bem” - até mais graves, como por exemplo um edema cerebral, que pode levar ao coma ou até mesmo a morte.

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Crédito foto: Getty Images

Jorge Pagura, neurocirurgião presidente da Comissão Nacional de Médicos do Futebol e autor do livro “Concussão cerebral, mais do que uma simples batida na cabeça”, explica porque os dez minutos de substituição temporária: “Caso houvesse a substituição temporária, os primeiros três minutos seriam para a realizar o exame SCAT (do inglês Sport Concussion Assessment) e, nos sete seguintes, observa se o jogador está recuperado”. Após o exame que se baseia em uma série de perguntas, o médico reforça a importância da observação e repouso, para garantir que nenhum sintoma apareça e que o atleta esteja em boas condições para voltar ao jogo. A ideia surgiu em abril, pelos médicos que trabalham no futebol, a CBF atendeu o requisito e divulgou dia 27 de junho que pretende mostrar o projeto para entidades que comandam o futebol – oi, FIFA! Pensando nisto, o Esportudo decidiu mostrar um Top 6 casos tensos de cabeçadas ou pancadas na cabeça no mundo da bola.

6. Mancuello

Não podemos deixar de citar o caso do Mancuello, jogador do Flamengo. Durante a estreia do time carioca na Libertadores contra o San Lorenzo em março deste ano, o atleta sofreu uma pancada na cabeça. Foi por causa do argentino que os médicos sugeriram a substituição temporária: aos 18 minutos de partida, no Maracanã, o meia-atacante apagou em campo após levar um choque de cabeça com cabeça na disputa de bola com o volante adversário Ruben Botta. Ele até chegou a sair do campo, mas a teimosia fez com que voltasse para continuar representando o Rubro Negro. Resultado: 13 minutos depois, ele desabou nos gramados e foi substituído. Placar final: 4 a 0 para o time brasileiro. Mancuello chegou a ficar uma semana suspenso do esporte por precaução. 

5. Álvaro Pereira

Álvaro Pereira é um desses casos também, em dose dupla no mesmo ano: o jogador do Uruguai durante a partida contra Inglaterra na Copa do Mundo de 2014, aos 16 minutos do segundo tempo, caiu desacordado após levar uma joelhada na cabeça do atacante inglês Sterling. Quando ele acordou quis porquê quis retornar ao jogo e ficou até o final, na vitória do time Sul-Americano por 2 a 1. Não sendo suficiente, houve um segundo susto em agosto do mesmo ano: durante uma partida da Série A do Brasileirão, São Paulo contra Criciúma no Morumbi, o lateral-esquerda bateu a cabeça no gramado e ficou novamente desacordado por um tempo, apesar do ocorrido ele não quis sair (novamente) da partida e ainda por cima fez o contra-ataque do gol do time paulista – placar final: 1 a 1.

4. Marinho

Um dos sintomas, a perda de memória, foi comprovada: Marinho, atacante do Vitória, durante uma partida do Brasileirão em 2016 contra o Cruzeiro, fez o único gol do time baiano e não lembrava. No Mineirão, aos 25 minutos do segundo tempo, ele se chocou com Henrique e caiu desacordado. Marinho chegou a acordar, bater o pênalti, fazer o único gol e não lembrar de nada disso – a FOX Sports entrevistou o craque e ele contou como ficou sabendo, você pode conferir acima. O Vitória foi eliminada pelo Cruzeiro com um placar de 2 a 1. Marinho ficou famoso em 2015 por uma entrevista como jogador do Ceará, onde não sabia que iria ficar fora do próximo jogo “Tô? Que m* em”. 

3. Charles Chenko

Teve até caso de partida ser adiada: durante um clássico do Campeonato Amazonense na Arena Amazônia em abril deste ano, entre Fast Clube e Nacional, no primeiro minuto da partida o jogador Charles Chenko bateu cabeça com cabeça com Victor e caiu desacordado. O atacante do Fast precisou ser reanimado em campo com uma massagem cardíaca e logo em seguida foi levado ao hospital. O jogo foi adiado porque o árbitro não poderia dar continuidade à partida sem ambulância, os jogadores deixaram a rivalidade de lado, deram as mãos e fizeram uma oração para a melhora do atleta. Você pode conferir a reportagem do Globo Esporte sobre o acontecimento acima. O caso aconteceu quase 20 dias depois do pronunciamento dos médicos sobre a substituição temporária.

2. Flávio

Vale ressaltar que apesar de choques de cabeça serem frequentes, há outros casos em que a pancada é extremamente forte e chocante. Um desses é de Flávio, jogador do Vitória: durante uma partida da séria A do Brasileirão em junho de 2016, ele levou uma joelhada de um jogador do Botafogo no confronto – resultando em uma convulsão nos gramados. Placar final: 1 a 1.

1. Micael Favre

O caso mais sério foi o do argentino Micael Favre, do San Jorge de Villa Elisa, durante uma partida da liga regional argentina entre o time e o Defensores de Colón ele levou uma baita pancada em maio de 2016: uma joelhada na cabeça durante uma disputa pelo controle de bola – até chegou a levantar confuso e reclamando, mas quando foi empurrado pelo adversário, caiu desacordado. O jogador também convulsionou, foi levado para o hospital, mas não resistiu e acabou falecendo aos 24 anos.

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Categorias: Futebol, Futebol brasileiro, Projeto, CBF, campo, assunto, Concussões cerebrais

Isadora Travagin

Escrito por Isadora Travagin

Natural de Porto Ferreira. Mackenzista, estudante de jornalismo e apaixonada por esportes. Pivô de basquete do time Tubarão.

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