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O mês de setembro deste 2016 dificilmente será esquecido pelos brasileiros e, principalmente, pelos cariocas. A cidade do Rio de Janeiro recebeu os Jogos Paralímpicos e se encantou com a história de vida de verdadeiros guerreiros.
Considerado o segundo maior evento do mundo – somente atrás das Olimpíadas – as primeiras competições paralímpicas aconteceram na Inglaterra, em Stoke Mandeville, e foram realizadas por militares feridos na Segunda Guerra Mundial com o intuito de reabilitá-los. Esta é apenas uma das 15 curiosidades sobre os Jogos Paralímpicos que a equipe do Esportudo.com separou para você.
1. A primeira vez do Brasil
O Brasil estreou em uma Paralimpíada em 1972 com apenas 14 atletas. Sem sucesso, a primeira medalha veio quatro anos depois: uma prata para a dupla Robson Almeida e Luiz Carlos Costa em uma variação da bocha chamada “lawn bowls”.
2. Graus de limitações
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Você já deve ter se perguntado o que significam aqueles números e letras nas chamadas das provas como natação e atletismo, certo? Pois bem, os S11, S13, S1, etc têm sua finalidade.
Nas Paralimpíadas, os atletas passam por testes de função e movimento com profissionais da medicina esportiva para saberem suas classificações nas provas em que irão disputar. Por exemplo, um corredor cego não pode competir contra um que tenha paralisia cerebral, mas uma pessoa com paralisia cerebral pode competir com uma que tenha problemas de crescimento.
No caso da natação, quem está entre S1 (maior limitação) a S10 (menor limitação) possui ou lesão medular, ou paralisia cerebral, ou tem prejuízo de pólio, ou nanismo, ou amputações ou outras limitações. Já entre S11 e S13 são atletas com problemas visuais e S14 com deficiências intelectuais.
3. Robson de Almeida Sampaio
Este é o nome do possível responsável por trazer o esporte paralímpico para o Brasil, na década de 50. Paraplégico, Robson fundou um clube no Rio de Janeiro após retornar dos EUA e, paralelamente, outro cadeirante, Sérgio Delgrande, fazia o mesmo em São Paulo. No ano de 1959, equipes dos dois clubes se enfrentaram em uma partida de basquete para usuários de cadeiras de rodas. Assim, associações de atletas deficientes começaram a surgir e nas Paralimpíadas de Heidelberg, o Brasil enviou sua primeira delegação paralímpica – posteriormente Robson se tornaria o primeiro medalhista paralímpico do Brasil.
4. Esportes exclusivamente paralímpicos
Bocha e goalball você só vai ver em uma Paralimpíada. O primeiro é bastante difundido em diversos países e pode ser disputado individualmente, em pares ou equipes. Podem praticá-lo pessoas com paralisia cerebral ou que possuem dificuldades motoras.
Já o segundo é composto por dois times com três jogadores cegos ou com deficiências visuais de cada lado. O objetivo é atirar uma bola – que faz barulho para os atletas poderem se localizar – enquanto a defesa tenta bloquear com o próprio corpo para que a bola não entre em seu gol. Assim como no futebol de 5, os espectadores precisam ficar em silêncio para não prejudicar quem está em quadra.
5. Vergonha espanhola
Nos Jogos de Sydney, em 2000, a seleção de basquete da Espanha contou com dez atletas que fingiram ser deficientes intelectuais. Os caras de pau ainda ganharam medalha de ouro, mas após serem descobertos tiveram que devolver o prêmio. Esta vergonha acabou prejudicando os verdadeiros deficientes, que junto com o time todo foram banidos pelo Comitê Internacional e só puderam voltar a participar de uma edição em 2012 – os engraçadinhos seguem proibidos de atuar no basquete.
6. Poder absoluto no futebol de 5 e na natação
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Desde que esta modalidade existe na Paralimpíada (2004), o Brasil nunca deixou de conquistar o ouro no futebol de 5. Este ano não foi diferente, é tetra!
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Nas águas, o domínio segue de Daniel Dias. O brasileiro é o maior vencedor da natação paralímpica masculina da história, somando 24 medalhas. Este ano no Rio de Janeiro foram quatro ouros, três pratas e dois bronzes.
7. Um em cada cinco para-atletas brasileiros sofreu acidente de automóvel
Segundo dados do Comitê Paralímpico do Brasil e levantamento feito pelo Jornal Folha de São Paulo, pelo menos 50 para-atletas brasileiros (18% da delegação) foram vítimas de acidentes de carro ou atropelamentos.
Outras origens das limitações são nascimento (26%), sequela de doença (21%), acidentes domésticos, ou no trabalho ou durante atividade de lazer (13%), complicações no parto (12%) e arma de fogo (4%).
8. O gigante do vôlei
Morteza Mehrzad, atleta do vôlei sentado do Irã, chamou a atenção de quem assistia à modalidade pela sua altura. Considerado um dos homens mais altos do mundo, ele tem “apenas” 2,46m.
9. Orgulho da família
No salto em distância, dois irmãos representaram muito bem sua família. Silvânia e Ricardo Costa subiram ao pódio no Rio de Janeiro e ambos conquistaram ouro, para alegria geral da nação.
10. Mancha de sangue
Infelizmente, uma tragédia marcou as Paralimpíadas Rio 2016. No penúltimo dia de competição, Bahman Golbarnezhad se envolveu em um grave acidente durante a prova de ciclismo de estrada.
O atleta iraniano sofreu uma queda na descida perto da Prainha e bateu com a cabeça em uma pedra. Aos 48 anos, ele faleceu logo ao chegar no hospital. Esta foi a primeira vez que um atleta perdeu a vida durante uma Paralimpíada.
11. A mudança ortográfica
Esta foi a primeira edição que se viu escrito o termo “Paralímpico”, e não “Paraolímpico”. Após diversas confusões, a explicação veio: o IPC (Comitê Paralímpico Internacional) decidiu pelo uso de “Paralímpico” devido à tradução de Paralympic, do inglês.
12. Adeus ao “Tubarão das piscinas”
A Paralimpíada deste ano foi a última de Clodoaldo Silva. O nadador brasileiro – inspiração para Daniel Dias – se aposentou das piscinas após conquistar 14 medalhas nas edições em que participou, uma delas nesta Paralimpíadas do Rio de Janeiro: prata no revezamento dos 4x50m. Com certeza deixará saudades na torcida brasileira.
13. Superando a Olimpíada
Os espectadores abraçaram de verdade esta Paralimpíada. Somente no primeiro sábado da competição, 170 mil pessoas compareceram ao Parque Olímpico, recorde de público juntando Olimpíada e Paralimpíada.
14. A tiazinha da natação
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Zulfiya Gabidullina encantou quem compareceu ao Estádio Aquático Olímpico do Rio de Janeiro. Aos 50 anos de idade, a atleta do Cazaquistão ganhou o ouro nos 100m livres na categoria S3 e de quebra ficou com o recorde mundial com o tempo de 1:34.86.
15. Barulhinho da vitória
Pela primeira vez na história dos Jogos Paralímpicos, as medalhas contavam com guizo para aproximar os deficientes visuais da sensação de vitória. Todas faziam barulhinhos e a iniciativa deve ser copiada nas próximas edições.
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