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Obrigado, Leicester Campeão Inglês

Título-Leicester-campeao-ingles A esperança, aquele sentimento que canaliza as energias positivas para aquilo que parece pouco provável, costuma vestir verde na crença popular, mas ela trocou de cor nessa temporada inglesa: vestiu o azul, cor do modesto Leicester City.

É verdade que o “pouco provável” tinha uma alta tendência ao impossível. Um time como os Foxes ganharem liga mais rica do mundo e disputando com times como Chelsea, Liverpool, Arsenal e a dupla de Manchester parecia muito mais sonho do que realidade. Precisaria ser praticamente um conto de fadas dos mais românticos. E foi.

E como toda história que vale a leitura, ela começou com drama: um quase rebaixamento na temporada passada que parecia inevitável na chegada do italiano Claudio Ranieri. Em uma arrancada de cinema, com seis vitórias na reta final da competição, o modesto se salvou.

Na temporada seguinte, a atual, a demora em sofrer a primeira derrota (foram seis partidas até a goleada sofrida para o Arsenal) não mudou o discurso sobre o objetivo de escapar do rebaixamento, discurso esse que passou a ser questionado com as rodadas seguintes: o time de Ranieri só voltou a perder na penúltima rodada do turno diante do Liverpool.

O próprio Ranieri, porém, riu ao ser questionado sobre uma possibilidade de Champions League – imagine então pensar em título. Era impossível cogitar algo nesse sentido, mas também o era, certamente, escapar da segundona inglesa no ano passado. E no futebol, mais do que em qualquer outro lugar, o impossível não existe.

E assim o pequeno Leicester se agigantou. Conquistou vitórias importantes contra rivais muito mais poderosos, como um fantástico 3x0 diante do rico Manchester City, fora de casa. Aos poucos, Kanté, Mahrez e Vardy passaram a conquistar mais do que vitórias e três pontos, mas principalmente uma torcida como o time nunca pensou em ter. Uma corrente mundial a favor do pequeno gladiando contra os gigantes.

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Nosso Leicester pode até ser um anti-herói dos números. Não é o time com mais gols feitos (embora seja o terceiro), nem com menos gols sofridos. É também um dos times com menos posse de bola na atual edição da BPL. Mesmo assim, quem disse que não tem beleza no contra-ataque rápido, com trocas de passes e posições? Que não gosta de ver um time que nos faz lembrar da importância de vontade e superação para superar as altas cifras? E tem, no final das contas, uma história maravilhosa que não poderia ter final diferente que não fosse o de um conto de fadas: feliz.

E quis o destino que o palco da cena final fosse o mais apropriado possível, na casa do Manchester United, conhecida popularmente como Teatro dos Sonhos. Os Foxes não foram campeões dentro de campo no mesmo dia por capricho da tabela, era preciso esperar um tropeço do Spurs. E assim o time de Ranieri sentou-se no mesmo Teatro dos Sonhos para assistir de camarote à história que eles mesmos fizeram.

O gol do título foi azul também, embora feito pelo Chelsea, coroando com uma beleza ímpar a campanha singular que fez o Leicester. Campeão, com C maiúsculo, duas rodadas de antecedência e com um enredo para ninguém colocar defeito.

A festa não podia ser maior do que permitir a última partida em casa, festejando junto da sua fiel torcida que nunca abandonou o time, nem mesmo em momentos ruins das divisões.  A despedida do King Power Stadium diante do Everton, vencida por 3x1, é a marca do momento de maior glória da história do clube, ao menos até agora.

Obrigado, Leicester. Por nos lembrar que esse esporte é tão fantástico, por ensinar que dinheiro nenhum é mais importante do que vontade e superação e, principalmente, por nos lembrar uma vez mais que o impossível não existe.

 


 

Categorias: Futebol, Campeonato Inglês, Futebol Europeu

Stéfano Bozza

Escrito por Stéfano Bozza

Administrador, palmeirense e apaixonado por futebol em uma escala que vai de Copa do Mundo até quarta divisão do paulistão. Não recusa uma partida, mesmo que seja entre Catanduvense x Inter de Bebedouro.

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