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Nas Olimpíadas Rio 2016, o voleibol foi um dos esportes com a maior audiência e preferência do público. Apesar dessa popularidade, uma das categorias se destacou levemente mais do que a outra. O vôlei feminino teve uma média de público mais alta do que vôlei masculino. *
Por que será que existe essa diferença de preferência do público?
Acredito que a resposta não seja muito complicada. Não acho que exista uma preferência pela equipe feminina, apenas uma preferência no estilo de jogo. O voleibol masculino moderno está com características bem diferentes do vôlei feminino e essa pode ser a causa da diferença de popularidade.
1. Side-out**
O primeiro ponto a ser explorado é a preponderância do ataque sobre o sistema defensivo (bloqueio/defesa) na categoria masculina. Com o passe na mão, a categoria masculina possui um ataque que, na maioria dos casos, leva vantagem sobre o sistema defensivo. Os atacantes colocam a bola no chão com muita facilidade. Isso nos leva ao segundo ponto.
Crédito foto: Divulgação oficial site da FIVB
2. Força
Outra questão importante é a diferença de força das duas categorias. Sem forçar o saque, os times masculinos não têm a mínima chance de defender uma bola ou bloqueá-la. Basta ver durante os jogos da categoria quando uma bola é passada de graça para o outro lado. Quase não existe possibilidade de defesa ou bloqueio por conta da velocidade e força do jogo.
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3. Erros
Acredito que seja esse o ponto principal que diferencie as duas categorias. Como o side-out é muito superior ao sistema defensivo na categoria masculina, o saque tem que ser forçado, logo a margem de erro é muito maior.
Nos jogos utilizados para fazer essa análise, a média de erros na categoria masculina ficou em torno de 59 por jogo, ou seja, mais de dois sets concedidos em erros. Isso torna o jogo menos agradável e talvez seja uma das chaves para compreender a razão pela qual o vôlei feminino é mais popular.
Crédito foto: Divulgação oficial site da FIVB
4. Velocidade
A velocidade não é apenas no estilo de jogo, é da bola também. Os jogadores estão sacando (cerca de 110km/h) e atacando tão forte que muita gente não consegue nem ver a bola, muito menos se ela foi dentro, fora, se tocou na linha, no bloqueio, enfim, a vida não está fácil para quem quer assistir a categoria masculina.
5. Rally
A consequência de tudo isso que foi exposto é a quantidade de rallys no jogo, ou seja, quanto tempo a bola fica em jogo depois do saque, a quantidade de defesas, de coberturas etc. É indiscutível que o vôlei feminino é muito mais interessante para o telespectador pela quantidade de rallys e pelo jogo que nos proporciona.
Crédito foto: Divulgação Facebook oficial da atleta
É importante lembrar outro aspecto também. Desde 2005, o vôlei feminino vem com uma geração muito vitoriosa, que ganhou duas Olimpíadas, fato inédito no esporte feminino no Brasil. O time brasileiro conta/contava com a melhor dupla de centrais do voleibol mundial Thaísa e Fabiana e jogadoras de renome internacional como Sheilla, Paula Pequeno e Jaqueline.
Claro que esse reconhecimento também existe para os homens, mas nossa seleção não subia no degrau mais alto do pódio olímpico desde 2004. Isso talvez leve as pessoas a acompanhar mais o time vencedor. Mas essa é claro, apenas uma hipótese.
*Foram considerados nas estatísticas para essa análise, todos os jogos das seleções até as quartas de final, assim como algumas partidas das quais o Brasil não participou: disputa do bronze masculino e feminino e dois jogos de quartas de final.
** Side-out é a virada de bola, ou seja, recepção, levantamento, ataque.
E você, torcedor, concorda ou prefere a categoria masculina? Comente!
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