Crédito foto: Divulgação/ Site oficial Green Bay Packers/ Evan Siegle

A vitória avassaladora dos Falcons sobre os Packers por 44 x 21 trouxe um choque de realidade para os cabeças de queijo. A equipe vivia um período de ascensão, vinda de oito vitórias consecutivas, após estar com uma campanha de 4-6 na temporada regular. Apesar dessa grande reação, o time mostrou muitos problemas durante o ano, principalmente na defesa.

A política no Lambeau Field é simples: investir no Draft. O Green Bay Packers é uma equipe que pouco vai ao mercado no período de free agency, tendo como objetivo trazer jogadores novatos. Essa é uma filosofia que preza claramente o futuro da franquia, e que muitos torcedores pedem em seus respectivos times. Mas para isso funcionar, é preciso um planejamento muito bem feito, e um trabalho muito bem executado.

Vamos usar como exemplo o setor que mais apresentou defeitos ao longo da temporada: a secundária. A grande maioria dos atletas desta vieram do Draft, senão no último, nos anteriores. Mas a questão é que a secundária da equipe é extremamente jovem, e por isso precisa de um trabalho especial e muito bem feito, e isso não tem acontecido. Tudo bem que a franquia sofreu muito com lesões ao longo da temporada. Na partida contra o Washington Redskins na semana 10, por exemplo, dos 11 defensores que começaram jogando, apenas quatro eram titulares.

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Mas as lesões não podem servir como desculpa para o fraco desempenho defensivo ao longo da temporada. Dos 19 jogos no ano, em 12 deles os Packers sofreram 23 pontos ou mais. Se pegarmos apenas as oito vitórias consecutivas na reta final, veremos que a equipe sofreu mais de 23 pontos em quatro delas.

Como já dito, com um time, ou uma parte dele, sendo muito jovem, é necessário um trabalho bem cuidadoso e planejado, e o Coordenador Defensivo da equipe, Dom Capers, tem falhado na missão. Deixando de lado a discussão sobre os jogadores da secundária dos Packers terem bons níveis técnicos, vamos ao conjunto da obra. Sendo jovem ou não, o sistema defensivo, assim como o ofensivo, precisa ser bem organizado. Especialmente quando não se tem os principais nomes do setor à disposição, como o cornerback Sam Shields, afastado por toda temporada por conta de uma concussão. É necessária muita organização e disciplina tática para que o atleta que o substitua consiga suprir sua ausência. Mas Green Bay não teve essa organização. Claro que exigir dos substitutos o mesmo desempenho dos titulares pode ser demais, mas com uma boa sistematização, as dificuldades não ficam tão evidentes.

Isso mostra que Green Bay está batendo em si próprio. Apresenta uma boa filosofia de trabalho, investindo pesado no Draft, para assim criar bons jogadores. Porém, a ideia teórica precisa andar ao lado da prática, e não é isso que ocorre. Não é de hoje que a equipe tem esse problema. Vamos lembrar do Divisional Round da temporada, a big play que deixou o Arizona Cardinals a quatro jardas da final da NFC, em que Larry Fitzgerald recebeu passe de Carson Palmer e correu para quase 60 jardas. Esse é apenas um dos vários exemplos em que a equipe pagou por não ter um sistema defensivo organizado.

A vitória dos Falcons no último domingo foi merecedora? Sim, muito. Mas acima desta partida, está toda a temporada das equipes. Os Falcons apresentaram uma regularidade maior, apesar de também terem problemas defensivos, mas conseguiram consertar ao longo da competição. E o resultado? Foram compensados com a ida ao Super Bowl. Já os Packers, pagaram, mais uma vez, por uma temporada de altos e baixos, sendo carregados por um quarterback que mostrou estar muito acima dos outros 31 QBs da liga. Se fosse outro no lugar de Aaron Rodgers, dificilmente Green Bay chegaria até onde chegou. No jogo de domingo, os Packers perderam para o Atlanta Falcons. Mas em toda a temporada, os Packers perderam apenas para eles mesmos, por não fazerem sua filosofia andar ao lado de seu sistema de jogo. 

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