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Exclusiva: Brasileiro que vive no Haiti fala sobre projeto esportivo

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Crédito foto: Reprodução / Arquivo pessoal

Você já se imaginou trabalhando e morando em outro país? A resposta, na maioria das vezes, é sim. Essa situação foi a que o brasileiro Rafael Novaes Dias passou. Ele saiu do seu emprego e foi morar em Porto Príncipe, no Haiti, por uma boa causa. Atualmente ele é Coordenador Técnico do Pérolas Negras, clube que irá disputar a quarta divisão do Rio de Janeiro e que é composta por jogadores haitianos. O projeto de autoria da ONG Viva Rio tem como principal missão dar, através do futebol, um novo futuro para os jovens haitianos.

Em entrevista exclusiva ao Esportudo, Rafael falou um pouco mais sobre esta iniciativa.

Como você entrou para o programa e como está sendo?

Comecei no dia 06 de setembro de 2011. Quando cheguei na capital Porto Príncipe, eu já tinha passado dois meses antes por um processo seletivo. O Luiz Carlos, preparador de goleiros que trabalhava lá, me falou da oportunidade, enviei currículo e passei por uma entrevista. Depois de um tempo recebi a notícia que tinha sido o escolhido para o cargo. Eu tive que sair dos empregos que tinha no Brasil e fui a princípio para ficar no máximo por um ano. Quando cheguei por lá pensei que não ficaria por muito tempo. O país estava um caos, mas a alegria do povo haitiano e a vontade de ajudar essas crianças falou mais alto. Em setembro eu completo seis anos no país. 

Em algum momento pensou em voltar para o Brasil?

Sim e não, foram poucos os momentos que pensei em retornar. Além da saudade da família que era muita, alguns momentos da minha jornada me fizeram pensar muito em deixar o país. Logo na chegada as dificuldades eram muitas. Energia era por poucas horas por dia, quando tinha. Em 2015, fomos assaltados a mão armada por lá e levaram todos os pertences que nós tínhamos. Mas a vontade de colocar esse projeto em um nível ainda melhor fez seguir em frente. A cada oportunidade que dávamos a um garoto de poder realizar o sonho de ser alguém na vida, e posteriormente tentar ajudar sua família, foi se transformando em combustível para continuarmos.

Desde a tua chegada no país, quais são os destaques do programa?

Temos dois garotos no Goiás, com contrato e tudo, eles se destacaram na última edição da Copa São Paulo jogando para nós. A poucos dias o Exilus Angelo (Waby) natural de Cite Soleil (uma das favelas mais perigosas do Caribe) e Matelus Jaques Saúl (Jako) foram campeões do Campeonato Goiano Sub- 19, pela equipe do Goiás. Entre outros que estiveram no Audax São Paulo, retornando para cá esse ano, para jogarem no nosso profissional. Nós temos o Bebeto e o Dany que estiveram jogando o Campeonato Carioca pelo Audax RJ Sub-20 e profissional e depois foram para o Grêmio Osasco jogar o Paulistão.exclusiva-brasileiro-que-vive-no-haiti-fala-sobre-projeto-esportivo-time

Crédito foto: Divulgação / Sit Oficial Academia Pérolas Negras

Existe um acompanhamento individual para que esses jovens possam desempenhar uma carreira de sucesso aqui no Brasil?

Claro! Esses garotos têm um acompanhamento pela parte do Viva Rio. Temos pessoas que cuidam e dão toda a assistência para esses garotos, antes de irem para clubes. Eles também estudam o português por aqui. Temos também nosso gerente de futebol Marcos Baday e nossa professora Paula, que dão todo o suporte necessário.

Depois da disputa da Copa SP, quais foram as principais mudanças no programa?

Após a Copa São Paulo de 2016, fixamos nossa base aqui no RJ, mais especificamente em Paty do Alferes, arrendamos o antigo Hotel Quindins aonde estamos construindo nosso CT. Estamos também construindo nosso centro de treinando no Haiti, onde trabalhamos jovens dos 12 aos 16 anos. A última etapa de formação será realizada por aqui. O Sub-17, Sub-20 e o profissional, onde poderemos dar mais oportunidades aos garotos e mais visibilidade à iniciativa.

Depois de um ano e meio aqui no Brasil vimos esta iniciativa crescer muito. Tivemos uma parceria com o Audax no ano passado, onde representamos a equipe Sub-20 deles na Série B 1 do carioca. Disputamos nossa segunda Copa São Paulo nesse ano. Além de trazer a Seleção Haitiana Sub-17 para realizar a preparação aqui com a gente para as eliminatórias da Copa do Mundo. Eles ficaram por sete meses aqui com a gente. Agora entramos numa nova fase. Aqueles meninos que iniciaram o em 2011, ainda crianças, vão poder participar da fase profissional. Esse ano filiamos a Federação do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) para a disputa da Série C. Aqueles meninos que iniciaram chegam à fase adulta para se profissionalizarem por aqui, buscando oportunidades. Nossa equipe, além de haitianos e brasileiros, futuramente quer se tornar um time mundial de refugiados

Existe uma previsão de quando irá abrir para os refugiados de outras nações?

Nosso presidente Rubem Cesar Fernandes esteve na Jordânia no início do ano, está negociando essa possibilidade. Não temos data certa, mas as conversas estão acontecendo para um futuro bem próximo.

O Pérolas Negras irá disputar a Série C do Rio de Janeiro, equivalente a quarta divisão, esse ano. A expectativa é de acesso para a B2 já esse ano?

Sim! Nosso objetivo é mostrar um bom futebol, ser competitivo e disputar a vaga de acesso para a B 2.

Se você tivesse que resumir em uma palavra essa experiência com o Pérolas, qual seria? E como você se sente depois que entrou para o projeto?

Oportunidade. Eu cresci muito como pessoa. Aprendi que não precisamos de muito para sermos felizes. Esses garotos, apesar de não terem praticante nada, sempre têm estampado no rosto um vasto sorriso. Eles sempre estão correndo atrás de oportunidades.

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Otavio Freitas

Escrito por Otavio Freitas

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