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Thaís Picarte fala sobre as dificuldades do futebol feminino no Brasil

Written by Evandro Almeida Jr | 1/mar/2017 9:03:00

Crédito foto: Arquivo pessoal

Mesmo com a visibilidade nos Jogos Rio 2016, nossas meninas pararam de serem aclamadas pelo povo. Durante a fase de grupos, na qual goleavam as adversárias, chamou a atenção para uma causa decorrente e fora da pauta: como subsiste este esporte no país?

Quem são essas garotas, mulheres que enfrentaram séries de humilhações e preconceitos por quererem praticar um esporte voltado para homens? De onde vieram? Qual sua história? Onde jogaram?

Para isso, conversamos com Thaís Picarte, goleira que defendeu a Seleção canarinha - inclusive disputou os jogos Pan-Americanos de Guadalajara em 2011, no México, conquistando a medalha de prata - e que hoje atua no Sporting Club de Huelva-ESP

Início

Crédito foto: Arquivo pessoal

“Comecei como qualquer criança, jogando com meus colegas”, relata a atleta. “Brincava na rua. Às vezes meu pai ficava olhando, aos finais de semana, porque ele não gostava que eu jogasse na rua”, conta a arqueira sobre uma das dificuldades de muitas meninas, a de se ter um espaço adequado para poder praticar.

“Quando ia para Minas Gerais, em uma casa da nossa família, eu tinha mais liberdade e ficava o dia inteiro no campinho com amigos”, exalta Thaís.

Debaixo das redes

Crédito foto: Arquivo pessoal

Surgiu uma oportunidade de fazer teste para a equipe do clube e, incentivada pelo pai, decidiu participar. Ela nem imaginava que ali seria o início de uma carreira profissional. Thaís começou aos 10 anos como volante no Clube Atlético Aramaçan, em Santo André, no qual era sócia com sua família.

“Ninguém queria catar no gol, então eu ia a pedido da treinadora. Fui bem e com isso outras categorias me chamavam para atuar na posição, aí eu defendia”, relata Thaís.

Profissional

Crédito foto: Arquivo pessoal

“Depois de quatro anos no clube, devido ao bom desempenho debaixo das redes, fiz parte da Seleção do Aramaçan. Surgiu então, uma oportunidade de fazer testes no São Paulo, em 1997. A treinadora na época, a Bene, levou algumas atletas e disse para eu atuar embaixo das traves, pois assim eu passaria. De fato, passei”, fala a jogadora sobre seu início de carreira.

Depois daí foi só crescimento. Atuou no futebol italiano e no espanhol, onde hoje disputa a La Liga feminina. Mas ja defendeu clubes como Centro Olímpico, Flamengo, Palmeiras/São Bernardo, São José e Vitória de Santo Antão.

Crédito foto: Arquivo pessoal

Ganhou títulos pela Seleção Brasileira - prata no Pan -, foi campeã da Copa América em 2014 no Equador e também participou do elenco da Copa do Mundo de futebol feminino de 2011, na Alemanha.

Por clubes, ganhou o Pernambucano pelo Vitória de Santo Antão, em 2012; o Brasileirão em 2013 pelo Centro Olímpico e o Paulista em 2015 pelo São José - sem contar as participações na Libertadores da América.

Crédito foto: Arquivo pessoal

Incentivador

Crédito foto: Arquivo pessoal

“O grande incentivador foi meu pai. Ele era fanático por futebol. Infelizmente, ele não pode ver eu me tornar uma atleta profissional porque três meses antes de eu passar no teste pelo São Paulo, ele faleceu”, lamenta a goleira.

Dificuldades no início da carreira

Crédito foto: Arquivo pessoal

“Se não fosse o ‘mãetrocíno’, não sei o que seria da minha carreira. O São Paulo não pagava salário e nem dava uma ajuda de custo. Minha maior dificuldade foi algo simples de se resolver, pagar a passagem”, afirma Thaís.

Dificuldade que tanto garotas quanto garotos enfrentam. Até mesmo sair de seus estados para participarem de uma clínica, famosa ‘peneira’, visando tornar-se um profissional é bem difícil de se conseguir.

“Minha mãe ficou viúva com quatro filhas para cuidar. Teve muita dificuldade e se esforçou ao máximo para que eu pudesse ir treinar”, relata a goleira que saía de Santo André para ir treinar na Cantareira.

Crédito foto: Arquivo pessoal

Dificuldades do futebol feminino no Brasil

Mesmo com uma série de dificuldades e percalços, atletas como a Thaís conseguem se tornar profissionais e atuar fora do país. Caso houvesse um pouco mais de apoio da CBF, muito provável que o futebol feminino brasileiro seria mais competitivo e possivelmente um dos melhores do mundo.

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