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Ao longo da história jornalística esportiva, tivemos vários casos de repórteres que foram acusados de serem parciais, de não saberem analisar um jogo que seu time perdeu para o rival. De fazerem perguntas para técnicos, presidentes ou jogadores que demonstram o descontentamento do com a atuação de seu time.
Porém, nós torcedores esquecemos que jornalistas são seres humanos, e como toda a humanidade demonstram amor ao seu clube, mas não afetando o seu julgamento. Por exemplo, Casagrande tem uma história belíssima no Corinthians, hoje é comentarista da Globo. Quantas vezes ele não foi acusado de ser clubista? Mesmo falando que o Corinthians, como em várias vezes ocasionou isso, não jogou bem. Que o time obteve ajuda da arbitragem ou que jogou muito mal e mereceu a derrota.
Não tem só o caso de Casagrande, podemos citar Neto (comentarista da Band e xodó da Fiel), Zé Elias (comentarista da ESPN e que jogou também pelo Timão), Eric Faria (que foi acusado pelo presidente do Santos de ter falado para o quarto árbitro que não foi pênalti no Flamengo) e tantos outros.
Em entrevista exclusiva com William Tavares, narrador e apresentador da ESPN, é santista assumido, mas nunca deixou sua paixão pelo clube atrapalhar seu julgamento no futebol e falou sobre isso com o Esportudo.
Foi perguntado primeiramente se ele sempre quis ser um comunicador esportivo? Qual foi o motivo que levou a isso?
"Na infância queria ser arqueólogo, já na adolescência queria fazer faculdade de cinema, mas sempre gostei de futebol, pelo menos desde meus seis anos. Ficava narrando jogo de botão, futebol no videogame e assistia todos os programas esportivos. Quando decidi fazer faculdade já estava completamente contaminado pela ESPN. Sim, isso mesmo, foi a ESPN, mais precisamente o "Linha de Passe" que me colocaram no caminho do jornalismo esportivo".
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Vimos recentemente casos de presidentes e/ou de técnicos acusarem um repórter por ele ser parcial. O que você pode comentar a respeito disso?
"Entendo o seguinte: alguns jornalistas deveriam se preparar melhor para fazer perguntas. A gente não pode dar brecha. Muitos técnicos, dirigentes e jogadores estão só esperando a oportunidade de um erro nosso para tirar uma casquinha, para desmoralizar ou mesmo para dar o troco. Têm profissionais do futebol que tentam intimidar jornalistas na coletiva pela ignorância, soberba, etc... Temos que estar sempre atentos e preparados para réplicas e tréplicas numa entrevista. Jornalistas não podem se intimidar, mas precisam estar bem informados sempre. Dito isso, entendo que também devemos refletir sobre nossas posturas e julgamentos, o que nos leva ao caso Mancini. O treinador do Vitória acertou em cheio no conteúdo da argumentação, porém, errou na forma, acusando o profissional de imprensa de corintiano e indo embora depois. O companheiro da rádio aprendeu uma ótima lição e com certeza estará melhor preparado na próxima vez".
E se podia comentar algum caso: Em que você foi acusado de ser parcial com algum membro da comissão.
"Nunca aconteceu comigo".
Por ter assumido que torcia para o Santos, você se sentiu coagido pelos seus colegas para somente falar dele?
"Nunca".
Para finalizar a entrevista, foi perguntado: Qual conselho você daria para um jovem que está começando a carreira nesta área?
"Leia blogs, leia jornais, internet, leia livros sobre o tema. Conheça o passado para entender o presente, veja jogos não só na TV, vá a campo. Preste atenção nas informações que dará, cheque várias vezes, faça contas, não erre na informação. Cuidado com as futuras fontes. Elas podem te manipular para que você fale exatamente o que elas querem. Jornalista não especula, ele informa e analisa. Entenda bem as estatísticas e de tática, mas não viva apenas em função disso. Números são ótimos se forem usados com inteligência, do contrário são apenas dados jogados ao vento. Futebol não é ciência exata, ele vai além disso, lida com seres humanos, com o improvável. Estar bem informado sobre bastidores pode ajudar a entender o que está acontecendo na sua frente. Faça comparações, analogias. NUNCA se deixe intimidar numa entrevista ou coletiva. Entenda as regras do jogo e das competições (isso é básico, mas muita gente erra nisso). Cuidado com as manifestações de hoje nas redes sociais para que elas não se voltem contra você no futuro. Se você se sentir à vontade e o veículo para o qual você trabalha permitir, assuma seu time e antes de falar sobre ele, defina o que é emoção e o que é razão. Siga a razão."
Com isso, a equipe Esportudo.com finaliza a entrevista com o narrador e apresentador William Tavares da ESPN. Agradecemos imensamente o tempo que nos foi concedido!
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