Crédito foto: Paulo Fernandes | Divulgação oficial do clube
O clima em São Januário não anda nada tranquilo. Após a primeira derrota, que quebrou aquela série, quase inacreditável, de invencibilidade do primeiro semestre, a equipe entrou em uma “queda livre” de rendimento.
O torcedor, que no início do ano esperava uma temporada tranquila e com boas perspectivas, dentro da realidade da Série B, tomou um baque forte e, o que era um mar de rosas, virou uma sopa de espinhos. São Januário tem estado vazio, com média de público absolutamente abaixo do que condiz com a história do estádio. O motivo é muito óbvio: a equipe tem um rendimento péssimo dentro de casa, o programa de sócios quase não dá vantagens e o clube cobra um ingresso mais caro que o de diversos jogos da Série A.
Agora vamos falar de: “O respeito voltou”, slogan da campanha do presidente Eurico Miranda. Devido às inúmeras declarações bizarras, somado a um planejamento que deixou a desejar para a temporada 2015, que culminou com a terceira queda para Série B, além de diversas promessas que não se cumpriram para a temporada atual e a formação de um elenco com idade bastante avançada (clichê dos times montados pelo Eurico desde 2002), acabou-se todo e qualquer resquício de respeito que o Clube de Regatas Vasco da Gama poderia ter nos últimos dois e, pelo menos, no próximo ano. Porém, todas as análises em relação a conduta adotada pela diretoria sobre o planejamento de futebol, eu vou deixar para fazer em uma matéria no fim do mês de novembro, quando se encerrará a temporada. Quero analisar aqui como “o respeitou voltou” na relação entre diretoria e torcida.
O torcedor vascaíno que frequenta estádio nos últimos 16 anos está cansado de ver rachas nas principais torcidas organizadas do clube, por conta de intrigas entre grupos que recebiam privilégios de Eurico Miranda em troca de apoio, contra grupos que se recusavam a ficar do lado da diretoria. No momento, a insatisfação é tão grande com a direção, que não há, aparentemente, mais grupo nenhum vinculado ao presidente, então os “valentões” que agem “defendendo” a imagem dele são os seus próprios seguranças. Estes que, em outros anos, já trocaram até tiros com as organizadas e agora voltaram a atacar qualquer torcedor que se manifesta.
Relembre três vezes em que seguranças de Eurico e torcedores tiveram problemas envolvendo armas de fogo:
1. Torcedor baleado em São Januário processa Vasco e Eurico - 2007
2. Eurico Miranda é xingado e segurança saca arma em São Januário - 2013
3. Torcedores tentam invadir treino do Vasco e acusam segurança de dar tiro - 2015
Em relato ao Esportudo.com, um grupo de torcedores sócio proprietários do Gigante da Colina, que preferiram não se identificar, afirmaram terem sido agredidos por seguranças do clube após manifestarem-se contra a diretoria. Nenhum deles havia cometido nenhum ato de vandalismo, nem fizeram nada que depreciasse a instituição e mesmo assim foram hostilizados e chegaram a serem até agredidos fisicamente, após o empate em 0 a 0 com o Avaí pela 33ª rodada.
Antes da partida, a diretoria proibiu que as torcidas organizadas levassem materiais para festejar, alegando que houve mau comportamento das mesmas em jogos anteriores, pois um objeto foi jogado no campo. Resta a dúvida se o torcedor que lançou o objeto foi encontrado, se foi confirmado que ele tinha envolvimento com alguma torcida e se sua ação partiu de uma decisão conjunta da organizada.
Nunca vi a proibição de materiais se dar pela diretoria do próprio clube, além disso, o Vascão tem mais de uma dezena de organizadas que estão presentes em todos os jogos, proibir todas de fazerem sua festa é, com certeza, um fator desanimador para qualquer um a ir ao estádio. Uma pena que a intenção da diretoria seja cada vez mais clara: esvaziar os jogos. Eles não querem trazer a torcida para junto do time, querem mais é evitar que os torcedores compareçam, pois não se pode divergir de Eurico Miranda.
No ano passado, cinco sócios já haviam sido suspensos por se posicionarem contra a diretoria. Agora, além de suspensão, os sócios sofrem agressão física. Ninguém deve ser agredido, ainda mais um torcedor, sócio, por funcionários do próprio clube. Ninguém atacou os seguranças nem vandalizou o estádio. O torcedor é o único motivo pelo qual a instituição se mantém viva. O sócio, é o torcedor que mais contribui com a instituição, ele destina uma verba pessoal, além do preço do ingresso, somente para apoiar seu clube do coração. Como é que ele não pode se manifestar quando entende que a embarcação está indo rumo ao naufrágio?
Isso causa uma grande tristeza no meu coração vascaíno e, acredito que, no de praticamente toda a torcida. Um clube que se orgulha tanto de suas raízes progressistas e democráticas ficar sujeito às vontades de um homem que se coloca acima da instituição. Ele já está em seu terceiro mandato como presidente, mas em todas as suas reeleições houve inúmeras acusações de fraude e conduta agressiva por parte de sua equipe.
Eurico, além de manchar a imagem do Vasco de todas as formas, se coloca como o maior protagonista do clube nos momentos de prosperidade e se esconde nos momentos em que a coisa fica feia. Agora no mês de outubro, deu mais uma de suas bolas fora, utilizou de sua influência como presidente do clube para fazer campanha política para um dos candidatos a prefeito do Rio de Janeiro. Não há respeito com o torcedor, com o clube, com a liberdade de expressão e, principalmente, com a história do Gigante da Colina.
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