Crédito foto: Divulgação site oficial do clube / Cesar Greco
No começo de fevereiro, Palmeiras e Crefisa anunciaram um novo acordo de patrocínio. O contrato, que antes previa uma quantia de R$ 66 milhões, prevê, agora, um pagamento de quase R$ 170 milhões em dois anos, sendo R$ 72 milhões no primeiro e R$ 78 milhões no segundo. De fato, este é um valor que coloca o Verdão em um patamar acima dos demais clubes brasileiros, visto que o maior contrato de patrocínio master, com exceção do Palestra, é o do Corinthians, que recebe R$ 30 milhões por ano da Caixa Econômica Federal. Essa diferença exorbitante entre os dois contratos levanta algumas questões que o torcedor precisa prestar bastante atenção. A pergunta é simples: por que um valor tão alto?
Antes de tudo, é importante entender a atual situação política do clube. Sucessor de Paulo Nobre, Maurício Galiotte foi eleito para ser o novo presidente do Palmeiras a partir de 2017. A expectativa é que a ideologia de Nobre permanecesse dentro do Palestra, já que Galiotte era apoiado pelo ex-presidente. Mas no dia 11 de fevereiro, na eleição para o Conselho Deliberativo, concorriam a dona da Crefisa, Leila Pereira, e seu marido, José Roberto Lamacchia. Concorrendo pela chapa “Palmeiras Forte”, Lamacchia recebeu 66 votos, enquanto Leila ficou com 248, ambos eleitos. Considerado oposição da chapa de Leila, Paulo Nobre afirmou que ela e o marido não têm o tempo de sócios necessário para concorrer a esta eleição. Porém, a dona da principal patrocinadora do clube rebateu, dizendo que a participação dela na eleição de Maurício Galiotte permite sua candidatura ao conselho.
Voltando para a questão da parceria, é indiscutível o tamanho do benefício imediato para o clube com este novo contrato de patrocínio. Porém, observando a situação do mercado, percebe-se que este acordo ultrapassa, e muito, qualquer valor padrão no país. Vemos constantemente vários clubes com dificuldades em arranjar e manter seus patrocínios, até mesmo os que conquistam títulos. Olhando para o segundo maior acordo, nota-se uma diferença de mais de R$ 40 milhões com relação ao primeiro.
Crédito foto: Divulgação site oficial do clube / Cesar Greco
Diante disso, podemos sugerir uma situação hipotética, mas dentro da nossa realidade. Se o Verdão quisesse um contrato de R$ 45 milhões de patrocínio, dificilmente haveria alguma marca disposta a depositar esta quantia dentro do clube. Tudo isso tendo como base os padrões do mercado brasileiro. Então, o questionamento que fica é: por que uma empresa prefere pagar aproximadamente R$ 75 milhões por ano à um clube, se ela pode pagar R$ 45 milhões e ainda ser o maior acordo de patrocínio do país? Qual é a intenção da patrocinadora ao fazer este acordo? Seria apenas a vontade de deixar o alviverde em um nível muito acima dos demais, ou haveria algum interesse em participar do sistema gestor do clube?
Essas perguntas serão respondidas apenas daqui a algum tempo. Mas vale lembrar que Paulo Nobre e Leila não se davam bem desde a gestão deste, visto que ela queria constantemente participar das negociações de jogadores e treinadores, mas o então presidente não permitia. Nobre preferia deixar a relação entre Palmeiras e Crefisa apenas na questão de patrocínio, não levando nada da parceria entre eles à política e ao futebol do clube. Agora Leila e seu marido são conselheiros no alviverde. O que o antigo presidente tanto evitou está acontecendo. Resta saber como irá se comportar o atual comandante. Será que Galiotte irá permitir uma interferência no futebol, ou deixará as coisas como estão? O fato de os donos da patrocinadora já adentrarem no conselho mostra que só no lado de patrocínio essa parceria não ficará.
Crédito foto: Divulgação oficial do clube / Cesar Greco
Podemos usar como exemplo disso a parceria entre Fluminense e Unimed, iniciada em 1999 e finalizada em 2014. A Unimed claramente era envolvida no futebol do Tricolor das Laranjeiras. O então presidente da marca, Celso Barros, opinava e participava de algumas negociações. Vimos em muitos casos o clube contratar jogadores badalados que, em tese, não eram a necessidade do elenco, e outras posições carentes acabavam deixando de ser prioridade, fazendo com que em muitos anos, o clube tivesse times desequilibrados. A preocupação é que isso também aconteça no Palmeiras.
Caso a Crefisa passe a interferir no futebol, o torcedor deve ficar atento à forma com que se dará essa interferência. Se não será, caso tenha participação, uma intervenção desnecessária, feita apenas para promover a marca, ou se esta ocorrerá de forma coerente, seguindo uma ideologia, dando ouvidos e respaldo à comissão técnica, coisa que no Fluminense não acontecia.
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