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Rio 2016: Um salto de mais de 6m para pular os obstáculos da vida!

Written by Gustavo Henrique Cruz | 19/ago/2016 16:03:00

 Crédito foto: Getty images/Paul

Os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, não renderam ao Brasil a posição esperada no quadro de medalhas até agora. O Comitê Olímpico Brasileiro classificou o Brasil, antes do início do evento, como um dos dez mais fortes no quadro geral: o Brasil está fazendo a melhor campanha olímpica de sua história. No entanto, até agora, no quadro de medalhas, o país sede está apenas em 14° colocado com cinco medalhas de ouro, cinco de prata e cinco de bronze, totalizando 15.

Por incrível que pareça, as medalhas de ouro foram em esportes pouco comuns no Brasil: judô, boxe, vela, vôlei de praia e no salto com vara. O dono desta, Thiago Braz, mostrou ser mais do que um saltador pouco conhecido: não só guerreiro no esporte, mas também na vida.

Abandonado pelos pais quando pequeno, Thiago foi criado pelos avós, a quem chama carinhosamente de “pai” e “mãe”. É muito grato pelo que fizeram por ele durante o curso até o ouro olímpico: “Ela me ajudou muito nessa batalha, na nossa trajetória, é uma pessoa abençoada (...) eu a amo muito!”.

A carreira começou cedo, e as boas colocações vieram rápido. Aos 14 anos, Thiago começou a ter contato com o salto com vara, pelo Clube dos Bancários de Marília. Em sua primeira competição internacional, o atleta ganhou o bronze no Campeonato Sul-Americano Júnior, em 2009, saltando 4,40m. Ali, o atleta tinha mais do que o apoio dos avós: Fabiana Murer já havia se tornado amiga pessoal e orientadora de Thiago.

Desde muito novo, estava destinado ao sucesso. Em 2010, ganhou a prata nos Jogos Olímpicos da Juventude (5,05m), em Cingapura, e o ouro no Sul-Americano da Juventude (5,10m), em Medellín. Em 2011 foi ouro no Pan-Americano Junior (5,20m) e prata no Sul-Americano Junior (4,85m). Em 2012, terminou o Mundial de Barcelona em 10° lugar, com a marca de 5,55m.

Em 2013, ao levar o ouro no Sul-Americano em Cartagena das Índias, começou a quebrar recordes. Na ocasião, conseguiu pular 5,83m e, por apenas 1 cm, quebrou o recorde sul-americano e trouxe mais um ouro para casa. No mesmo ano, teve uma eliminação precoce: caiu no Mundial, ao não conseguir pular 5,40m. Mas, ainda em 2013, se recuperou da competição anterior: venceu o Meeting de Leverkusen com a marca de 5,82m.

Crédito foto: Getty Images

Entretanto, a boa fase e sequência de bons resultados desde o início da carreira foi interrompida por um infeliz acidente. Em 2014, Thiago caiu fora do colchão em uma competição na Europa. Lesionou o punho esquerdo e teve que passar por uma cirurgia para continuar no esporte.

O apoio da família, amigos, Fabiana Murer e Vitaly Petrov (um dos melhores treinadores do mundo que já treinou Sergey Bubka, Yelena Isinbayeva e Fabiana Murer) foram fundamentais para continuar a saga: “Lembro da minha lesão, esse foi o momento mais difícil da minha carreira, em que achei que podia parar no atletismo. Tive muita fé que poderia voltar a saltar, meu treinador nunca desistiu de mim”, afirmou o atleta na última terça (16).

Graças a todo o apoio e trabalho árduo, voltou ao sucesso rapidamente, como quando jovem. Este ano, levou ouro no Meeting International Indoor ISTAF, em Berlin, e ainda quebrou o próprio recorde de três anos antes (Sul-Americano com 5,83m), e saltou 5,93m.

Veio disputar os Jogos Olímpicos com moral, um histórico de grandes resultados e uma bela história de superação, quando adulto e quando criança. Então, Thiago correspondeu à altura a confiança que lhe foi depositada.

Thiago se encontrou diante de um grande adversário no Rio: Renaud Lavillenie. Atleta experiente e detentor do recorde mundial da modalidade, já tendo saltado 6,16m. Ao usar a vara e voar, Renaud derrubou o sarrafo.

Crédito foto: Getty Images

Mas o brasileiro tinha voado, saltou 6,03m, conseguindo sua melhor marca na carreira e quebrando o recorde olímpico. Agora, está no lugar mais alto do pódio, no auge de sua carreira. Foi um grande salto: 6,03m para pular todas as dificuldades que o destino colocou em seu caminho, para ir direto para o pico, o “Everest” de um atleta.

Parabéns, Thiago. O Brasil tem orgulho de você!

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