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Muito prazer, Palmeiras: 102 anos de histórias, lutas e glórias

Written by Fabio Ramos | 26/ago/2016 9:59:00

Crédito foto: Getty Images

Nasci no dia 26 de agosto de 1914, portanto hoje é meu aniversário de 102 anos. E durante a minha vida, consegui conquistar o coração de milhões de pessoas e, consequentemente, o ódio de outras tantas. Mas isso nunca me incomodou, minha caminhada foi feita em meio a muitas dificuldades e lutas, mas rendeu momentos inesquecíveis. Quem conhece minha história sabe bem a razão e o motivo de tanto orgulho. Ela é rica, bela, cheia de lutas, glórias e conquistas. Quem ainda não conhece, aprecie com moderação.

Fui criado por um grupo de imigrantes italianos que, empolgados com a visita do Torino e do Pro Vercelli, duas grandes equipes italianas da época, à São Paulo, decidiram criar um clube esportivo de origem italiana na capital paulista. E foi Luigi Cervo, um ex-atleta do SC Internacional, quem me deu o nome de “Societá Esportiva Palestra Itália” (do grego “palaistra”, lugar onde se faziam exercícios ginásticos). Logo que fui criado já comecei a dar meus próprios passos. Minha primeira roupa foi uma camisa verde, com uma larga faixa horizontal branca e um escudo com a cruz de Savóia do lado esquerdo do peito.

Com menos de um ano de vida, no dia 24 de janeiro de 1915, fiz minha primeira partida de futebol, onde venci o SC Savóia por 2 a 0. Ainda em 1915, conheci meu maior rival, alguns confundem essa rivalidade com inimizade, mas fica a critério de cada um. O nome dele era Corinthians. Sabe aqueles valentões que tentam te intimidar só porque são mais velhos? Então, ele tentou, mas não conseguiu. Ele era forte, havia sido campeão no ano que eu nasci, mas estava em crise (financeira). Com isso, consegui o apoio de todos os italianos que, até então, gostavam do Corinthians (além dos torcedores, eu recebi oito jogadores do elenco alvinegro que, por serem italianos, decidiram vestir a minha camisa).

Ao longo dos anos fui me fortalecendo nesse esporte. Fui me tornando famoso e temido pelos adversários. Me acostumei a conquistar títulos importantes, receber prêmios e revelar grandes jogadores.

“Morri” vencedor, mas renasci campeão!

Em 1942, passei pelo momento mais delicado da minha vida. Por causa do estado de guerra entre o Brasil e os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), durante a Segunda Guerra Mundial, o governo me pressionou para que eu adotasse uma denominação "brasileira". Por um curto período fiquei conhecido como “Sociedade Esportiva Palestra de São Paulo”, mas esse nome também foi vetado. Pensei que, enfim, conseguiriam me vencer. Mas não foi dessa vez. No dia 20 de setembro mudei definitivamente meu nome para “Sociedade Esportiva Palmeiras”.

Crédito foto: César Greco | Divulgação oficial do clube 

Continuei conquistando diversos títulos e meus torcedores sempre crescendo. Em 1951, ganhei o mundo. Pode perguntar para quem quiser, fui o único a fazer o povo vibrar desde a histórica – e dolorida – derrota do Brasil na Copa de 1950. Depois disso, ainda vieram inúmeros Paulistas, campeonatos nacionais… Eis que chega o ano de 1999, quando conquistei um dos maiores títulos de minha história. Quem não me conhecia, passou a me temer. E quem já me conhecia, passou a me invejar.

Sofri alguns duros golpes. Cheguei a pensar que acabaria ali, que ninguém mais torceria por mim. Eu me sentia envergonhado, era gozado pelos rivais. Mas a torcida se uniu, me deram apoio, amor, e foram eles quem me trouxeram de volta. Nem as seguidas frustrações acumuladas nos últimos anos foram capazes de apagar a alma palestrina. Ano após ano, mesmo com toda a imprensa esportiva depreciando qualquer elenco alviverde, tendo ele boa técnica ou não, nós nunca deixamos de acreditar que dias melhores viriam.

E eles vieram, quando eu surgi imponente no gramado – tanto do Couto Pereira, quanto do Allianz Parque (meu velho Palestra) -, onde a luta me aguardava, e eu sabia bem o que vinha pela frente. E por duas vezes eu repintei o céu de verde, no tom que estampa os corações de uma torcida que canta e vibra. Eu mostrei que, de fato, sou campeão. Campeão de novo. Tricampeão da Copa do Brasil. Agora, chegou a hora de voltar a conquistar o Brasileirão!

Muito prazer, SOCIEDADE ESPORTIVA PALMEIRAS!

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