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No mês de outubro eu havia escrito a matéria: ''O desrespeito voltou'': Esse é o Vasco de Eurico Miranda!, onde prometi que me restringiria a falar sobre os maus tratos que os torcedores vêm sofrendo no estádio, pois ao final da temporada faria uma análise sobre a questão administrativa em geral. Aqui estamos, temporada encerrada, início de dezembro e o Vascão de volta à Série A depois de um sufoco inacreditável e desnecessário.
Crédito montagem: Esportudo.com | Fotos: Divulgação oficial do clube e Getty Images (esquerda)
Primeiro, gostaria de fazer uma análise rápida e comparativa entre o resultado final das gestões de Eurico e Roberto Dinamite como presidentes do clube. Considero ambos responsáveis pelo rebaixamento de 2008 e, cada um, conseguiu repetir a proeza pelo menos uma vez.
Eurico nunca levou o clube a uma participação na Copa Libertadores da América, Roberto conseguiu duas vagas no mesmo ano. Eurico, em apenas uma temporada em oito, conseguiu com que o time figurasse uma posição acima da décima colocação na tabela, Dinamite em seis anos como presidente conseguiu por duas temporadas seguidas, terminar entre os cinco primeiros. Eurico levou o Gigante da Colina à conquista de três títulos estaduais, enquanto Dinamite conseguiu montar uma equipe que conquistou uma Copa do Brasil e terminou o Campeonato Brasileiro disputando o título até a última rodada.
Escolhi começar a matéria com esse quadro comparativo, pois na gestão de Roberto, muito criticada, e com razão, pela torcida, muitos pediam a volta de Eurico e diziam que ele era muito melhor administrador. Mas os dados deixam bem claro que, mesmo um presidente sem muito apoio, sem experiência, sem uma equipe administrativa unida, conseguiu resultados mais satisfatórios do que os do “grande cartola” Eurico Miranda.
A verdade é que, diversas confusões aconteceram no final daquele time dos sonhos que tínhamos no ano 2000, e depois disso o Gigante da Colina nunca mais foi o mesmo. De lá para cá, o clube nunca mais conseguiu um patrocínio de verdade, à sua altura, a boa relação com diversos craques foi por água abaixo, e na torcida criou-se diversos rachas decorrentes dessa desestruturação geral.
Em 2015, iniciou-se a volta do cartola com o slogan “O respeito voltou”. Logo nas primeiras medidas tomadas pela “nova” diretoria, o presidente “perdoou” uma dívida que ele mesmo tinha com o clube de 3 milhões de reais e ainda designou para seu filho o cargo de comandante do planejamento de futebol.
Crédito foto: Divulgação oficial do clube
O clube então, contratou mais de 30 jogadores, entre eles, Romarinho, Herrera e Dagoberto fazendo uma mescla de promessas da base, com jogadores desconhecidos e medíocres trazidos por empresários em transações movidas por interesses pessoais e jogadores medalhões que foram vitoriosos em outras épocas, mas já em final de carreira e sem mercado tendo que levar o time nas costas. Isso sempre foi um clichê dos times montados pelo atual presidente, ocorreu em 2003 com Marcelinho Carioca, em 2004 com Petkovic, em 2005, 2006 e 2007 com Romário, e 2008 com Edmundo e não levou o clube a lugar nenhum.
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A temporada começou com um título estadual depois de 12 anos sem vencer, e logo no primeiro turno o Vasco da Gama teve a pior campanha de um clube grande na história do campeonato de pontos corridos, com apenas 13 pontos. O desespero se iniciou e Eurico trocou o técnico Doriva por Celso Roth, que já havia desrespeitado o clube outrora, quando abandonou um planejamento e saiu pela porta dos fundos com menos de um mês de trabalho, além de nunca ter demonstrado um diferencial positivo em sua carreira como técnico. No mesmo momento, Eurico fez uma jogada de marketing em cima de supostas contratações de Ronaldinho Gaúcho e Leonardo Moura, mas em ambos os casos, nada se concretizou. Além de serem péssimas ideias, terminaram como mais um motivo para o clube ser alvo de piadas.
Ao longo do segundo turno, sofremos com inúmeros erros de arbitragem, e a parte da torcida que criticava Roberto Dinamite por passividade perante erros contra o Gigante da Colina fica sem entender como Eurico não fez diferente. Na mesma sequência, o presidente afirma que não jogaria contra o Fluminense de forma nenhuma se a tradição do lado do Maracanã fosse desrespeitada e, mesmo assim, o Gigante da Colina entrou em campo. Pelo menos ganhamos do freguês no jogo da festa de apresentação de Ronaldinho Gaúcho pelo rival.
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Durante os inúmeros vexames, incluindo goleadas que são preferíveis nem comentar, o presidente afirmava que o clube nunca cairia com ele e chegou a prometer se mudar para a Sibéria caso isso acontecesse. A vergonha cada vez maior somou-se a vários erros de arbitragem em que a diretoria não conseguiu tomar providência nenhuma e o clube foi rebaixado pela terceira vez. Um detalhe, até aqui o Gigante da Colina ainda não tinha lançado um novo plano de sócios, outro detalhe, Eurico não foi pra Sibéria.
Em 2016, o clube conquista novamente o estadual, mantém uma série invicta inacreditável e tudo vai por água abaixo quando o presidente volta a querer ser protagonista em cada jogo e entrevista falando mais do que deve e aparecendo em campo para ser reverenciado por torcedores de memória curta. O clube não consegue patrocinadores e acaba renovando com o anterior pela metade do que ganhava na última temporada.
No primeiro turno, o Gigante da Colina é líder com folgas e no segundo semestre tudo desmorona, o time não rende e os reforços do ano são o lateral Yago Pikachu e Fellype Gabriel sem condição de jogo em nível profissional há mais de um ano e meio, mantendo essa característica até o fim da temporada. Além disso, a renovação de Jorge Henrique é uma realidade.
Após as coisas na Série B começarem a desmoronar, o Vasco da Gama é eliminado da Copa do Brasil com erros cruciais de arbitragem dentro de São Januário e, novamente, os torcedores que chamavam Dinamite de banana, não sabem onde encontrar o respeito que havia voltado. Com a eliminação da Copa do Brasil, o título da Série B, que já era prioridade, se torna o único foco e mesmo assim o clube consegue terminar o ano sendo o grande que mais perdeu e mais levou gols na Série B, com o acesso garantido apenas na última rodada.
Crédito foto: Divulgação oficial do clube
O elenco responsável pela temporada maravilhosa tem 80% de seu plantel com contrato vigente até o fim de 2017, a diretoria também será a mesma até o fim do ano. Eurico encerra a temporada afirmando: “O Vasco precisa de mim”. O que nos resta agora é protestar e rezar para que o Pai Santana nos ilumine. Saudações vascaínas.
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