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O dia 4 de junho de 2016 ficará marcado por toda história como o dia em que Muhammad Ali, uma das maiores lendas do boxe, nos deixou aos 74 anos de idade. Mais do que títulos e vitórias, Ali foi também uma personalidade histórica fora dos ringues, sempre com frases fortes nos assuntos mais diversos possíveis: política, racismo e, claro, esportivo.
No mesmo dia e também em solo americano, o Brasil estreou com um empate monótono e sem gols contra o Equador pela Copa América. O jogo, nem de longe, pode ser considerado uma homenagem ao ex-lutador. Em mais um dia pouco inspirado pelo lado brasileiro, as vaias revelaram mais uma reprovação ao futebol praticado.
Muhammad Ali pode não estar mais entre nós, porém, diversas de suas frases explicam alguns dos problemas técnicos que estão acontecendo com a Seleção Brasileira nos últimos anos.
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Muhammad Ali nunca foi um cara modesto, nem mesmo antes da sua glória. Defendeu como poucos a raça negra e sempre foi de encontro ao que podia para criticar os brancos, chegando inclusive a ironizar o próprio Papa em determinado momento.
O Brasil, assim como ele, é uma potência mundial. Cinco títulos mundiais e craques do mais alto nível desfilaram com a camisa canarinha ao longo dos anos e, com essa grandeza, ficou impossível manter a modéstia.
A perda da humildade, porém, é um dos grandes problemas a ser combatidos: não dá para jogar sem preocupações defensivas porque o jogo mudou e, sobretudo, os talentos brasileiros já não são tão brilhantes como outrora. Enquanto a mentalidade continuar como “ser a melhor seleção do mundo”, as derrotas devem se acumular, inclusive com alguns vexames.
Ali detestava treinar e repetiu isso por diversas vezes ao longo de sua carreira, mas sabia perfeitamente a importância dos treinos para o sucesso. Em uma seleção nacional, os treinos são poucos e próximos aos jogos. O fato, porém, não muda uma realidade que se instalou recentemente: os treinos da seleção brasileira viraram praticamente um programa de televisão.
Com mais câmeras e repórteres do que jogadores, é difícil manter o nível de concentração na melhoria do jogo e em aspectos táticos. Os próprios atletas acabam mais preocupados em acenar para as câmeras e o treino é ignorado. O reflexo é direto nas partidas.
A Seleção Brasileira simplesmente parou no tempo. É perceptível nos comentários de jogadores, treinadores, jornalistas e até de torcedores: não basta ganhar, é preciso jogar bonito. É preciso ser campeão com um futebol melhor do que o time de 1982 para não ser criticado como foi o time do tetracampeonato de 94, mesmo sendo campeão.
O nível de exigência não é ruim, força a sempre tentar melhorar o jogo, contudo, é preciso mensurar a realidade. Neymar é craque e tem tudo para configurar entre os melhores do mundo, mas é acompanhado de "apenas" bons jogadores. Muito pouco para quem já teve times com quatro ou cinco entre os melhores do mundo.
Já faz algum tempo que os resultados ruins são contestados. As vitórias não têm mais a “cara brasileira”, com jogadas bonitas e dribles. As razões são diversas: treinador, mentalidade de resultados, categorias de base, a influência do dinheiro, empresários, dirigentes e tantas outras.
O problema, porém, é que nada se faz de concreto para melhorar a qualidade do nosso futebol. Os dias passam à espera que um milagre aconteça e apareça um novo Pelé, um novo Ronaldo. É preciso mais iniciativa e, claro, interesse por parte de quem comando o esporte.
Ali tinha uma autoconfiança incrível que o levava a crer que poderia ser o melhor em tudo que tentasse fazer. O ar não era de arrogância ou prepotência, mas de quem sabia do potencial que tinha para atingir os limites.
O mesmo vale para o futebol brasileiro. A prepotência criada é tanta que muitos pensam que podem ganhar jogos e campeonatos sem esforço ou dedicação necessária. Muito mais do que isso, o comando do esporte está com pessoas absolutamente despreparadas e que possuem interesses muito diferentes de ver um time forte. Assim como Ali nunca jogou golfe, eles nunca jogaram o “jogo esportivo”, mas sim um outro de interesses e dinheiro que nada agregam ao futebol brasileiro.
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