Crédito foto: Reprodução / Twitter oficial do clube
Como todos já sabem, o Flamengo venceu o Botafogo no último domingo (12) em um jogo digno de um clássico carioca, cheio de emoção e rivalidade, eliminando o time alvinegro da Taça Guanabara. E como flamenguista que sou, não pude deixar de torcer e comemorar o placar suado de 2 x 1. De gritar com o Guerrero, sofrer com o empate no gol de Roger e gritar em dobro no gol da virada com o Everton.
Mas antes de ser torcedora, sou humana e amante do esporte e, dessa vez, quem ama o futebol está de luto. Porque enquanto a bola rolava dentro do estádio, do lado de fora, o Engenhão virava um campo de batalha. E hoje eu vim aqui para falar da guerra, não do jogo, do dia de derrota, não de glória. Pois sempre que há uma guerra, pessoas saem mortas e feridas e, infelizmente, dessa vez não foi diferente.
Desde pequena, experimentei com o esporte tanto o sabor da vitória, quanto o gosto amargo da derrota. Aprendi que um dia se ganha e outro se perde, mas que sempre temos que jogar limpo e respeitar o adversário. Cresci e entendi que a regra do jogo é a mesma da vida e que, se contrariada, vai para a segunda divisão. Nem sempre a vida te dá a chance de um segundo cartão amarelo, muitas vezes o vermelho vem direto e a volta para a casa com as mãos abanando é inevitável.
O que aconteceu no Engenhão foi uma barbaridade. Quem atirou e matou o torcedor do botafoguense e deixou outros dois feridos não foram flamenguistas, e sim, criminosos, assassinos que deveriam estar atrás das grades. Pessoas que vivem à margem da sociedade, que fingem entender a regra do jogo, mas que estão sempre cometendo uma falta por trás, sem bola, quando o juiz não está olhando. Hoje, foi um torcedor de um, mas ontem foi de outro, e de outro, e de outro…e quem será amanhã?
Na era digital, nem tudo que parece é. O que deveria ser só uma brincadeira, uma provocação entre torcidas rivais, pode fazer um estrago enorme. Como jornalista, sei bem o quanto temos que tomar cuidado com cada palavra digitada; com cada post, like, share, tweet, retweet e assim por diante. A internet é terra de ninguém e nada é deletado para sempre, pelo contrário, o conteúdo cria vida e só se multiplica.
Crédito foto: Reprodução / Twitter oficial do clube
E quando o Twitter oficial do Flamengo posta um “#CadêVocê? Não adianta fugir, não adianta correr”, não está fazendo nada para que essa situação mude. Não estou aqui para julgar a real intenção desse tweet. Como se sabe, o “#CadêVocê?” se refere a um canto da torcida rubro-negra, ironizando o pequeno número de torcedores do Botafogo nos estádios sempre que os dois times se enfrentam. Mas, independente da intenção, o “não adianta fugir, não adianta correr” foi um pouco a mais. Ultrapassou a linha tênue que separa a zoação da falta de sensibilidade. Por outro lado, quando o Twitter oficial do Botafogo afirma que o Flamengo está “fazendo apologia à violência”, ele está cometendo o mesmo erro e colocando lenha na fogueira que deveria estar sendo apagada.
Sinceramente, na minha opinião, não cabia sequer um tweet de comemoração da parte do Flamengo, e sim, um de repúdio ao que havia acabado de acontecer, declarando apoio às vítimas e com a promessa de que o clube faria o possível para achar os culpados. Quando a rivalidade ultrapassa a brincadeira e vira ofensa, ela deixa de ser saudável. Quando ela sai do estádio e vai para o campo da internet, ela se torna perigosa.
Quando cada torcedor de seu respectivo time se sente no direito de ofender o adversário, fazer apologia à violência e achar que por amor ao clube qualquer tipo de comportamento é válido, ele está cada dia mais parecido com quem atirou, e não com quem levou o tiro. E quando os dirigentes e presidentes dos clubes minimizam certos comportamentos e atitudes, eles estão fechando os olhos e passando a mensagem de que tudo é permitido, que no fim das contas, só a vitória interessa. O problema é que, quando só a vitória interessa, a vida passa a não valer mais nada.
Crédito foto: Reprodução / Youtube
Portanto, seja torcedor botafoguense ou flamenguista, como eu, vascaíno ou tricolor, corintiano ou palmeirense…não importa. Faça a sua parte e faça do esporte o reflexo de sua vida: não provoque, não aceite provocação, não revide. Vá ao estádio para torcer e comemorar, não para brigar. Faça dos domingos um dia de lazer, não de terror. Pule, grite, cante, abrace, beije e beba sua cerveja. Se vencer, comemore, mas se perder, reconheça a vitória do adversário. Zoe, mas com moderação. Aprenda com o esporte, não o deturpe. Faça amor, não faça guerra! #Paz,cadêvocê?
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