Crédito foto: Jonathan Daniel/Getty Images
O cronômetro indicava 48 segundos restando para o fim do primeiro tempo. Os Packers, que haviam deixado sua liderança despencar de 18 pontos para apenas uma posse de bola, buscavam ampliar a liderança antes do intervalo.
3ª para 10, bola na linha de 25 jardas do campo de defesa. Aaron Rodgers sai no shotgun e... Orlando Scandrick, cornerback do Dallas Cowboys, consegue fazer um sack voador para cima do quarterback adversário.
A essa altura, parecia que o primeiro tempo estava encerrado. Os Packers estavam em uma situação de Punt, em sua própria linha de 15 jardas, porém a diferença entre o relógio da partida e o da jogada era de apenas 4 segundos. De fato, o último lance antes do intervalo foi o chute de Green Bay. Já com o cronômetro zerado, Cole Beasley, recebedor do Dallas Cowboys, pediu um Fair Catch em sua própria linha de 38 jardas. Fim de papo? Não necessariamente.
Após o Fair Catch, todo o protocolo do intervalo começou. Os jogadores foram para os vestiários. As emissoras, para os comerciais. Agora, e se eu te dissesse que, mesmo sem nenhum segundo restando, o Dallas Cowboys, usando um dispositivo do livro de regras da NFL, poderia ter pontuado?
Eis a explicação. Segundo as regras, após um Fair Catch, o time que vai receber a bola tem duas opções:
a) Sempre utilizada. O jogador “troca” o direito de retornar pelo de não ser encostado. A campanha de ataque começa normalmente daquele ponto em uma 1ª descida.
b) Extremamente rara. O time que faz o Fair Catch pode optar, mesmo com o cronômetro zerado, por um Free Kick – chute muito parecido com o Kickoff do início de jogo. Os adversários precisam ficar afastados e o kicker pode pegar a distância que quiser. Dessa forma, os chutes viajam muito mais do que numa tentativa de Field Goal normal. Se a bola entrar no Y, os 3 pontos são computados. Confira, abaixo, o vídeo com uma tentativa de Free Kick dos Patriots em 1984. A situação é tão atípica que a maioria dos jogadores não tem ideia do que está acontecendo.
Em situações normais de jogo, obviamente a opção b é totalmente desvantajosa – e quase desconhecida. Não à toa, o último Free Kick convertido na NFL ocorreu em 1979. Mas, nesse caso, valeria a pena. Os Cowboys não tinham muito a perder – apenas a ganhar. Três pontos, para ser mais exato. Justamente, a diferença que colocou os Packers na final da NFC.
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