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Locals Only? O surfe atual não é bem assim...

Written by Sarah Tonon | 25/mai/2016 18:30:00

No mundo do surfe, é conhecida a tradição do "Locals Only". A frase expressa que naquela determinada praia, apenas os surfistas da região, conhecidos como locais, podem surfar, e são eles que mandam por ali. Os locais são conhecidos por darem medo no surfistas que chegam na sua praia, ou seja, se você não mora aqui, não surfe aqui.


Documentários como o "Locals Only" e "Surf Adventures", mostram as regras que eles impõem e os direitos que eles mesmos definiram ter, são os punks do surfe.

Alguns corajosos ou mesmo desavisados, tentam a sorte de surfar nessas regiões e existem casos de brigas dentro e fora da água, pranchas quebradas e até mesmo mortes. 

Como as gangues dos Estados Unidos, só que no mar. Esse estilo de vida começou há anos e tem força até hoje principalmente na Califórnia e Hawaii. Algumas etapas do Mundial de Surfe, por exemplo, ainda sofrem com a pressão e domínio dos locais.

Há boatos de que esse tipo filosofia também ainda permanece, mesmo que de forma mais sutil, nas praias do Rio de Janeiro onde aconteceu nesta semana, a etapa do Mundial.

Mas apesar de toda essa tradição, atualmente as praias do Hawaii têm sido dominadas pelo Brazilian Storm. Ano passado, embalado pela conquista de Medina, Adriano de Souza, o nosso Mineirinho, foi campeão mundial no Hawaii, venceu a etapa tradicional de Pipeline e tudo isso, desbancando um Local.

Isso mesmo, ele tirou a coroa de um Havaiano no seu território, protagonizando uma final brasileira nas águas do Hawaii, depois, a festa do título tinham as cores verde e amarelo. Será que até os tradicionais locais do santuário do surfe se renderam ao talento do Brazilian Storm? Talvez... Pois já faz um bom tempo que a nova geração do surfe brasileiro vem dominando as etapas do mundial disputadas no Hawaii.

Em 2014, por exemplo, Gabriel Medina foi campeão mundial no Hawaii e pintou não só as ondas do mar de verde e amarelo, como também as areias havaianas. Um multidão de brasileiros invadiu a área dos locais para comemorar o inédito título conquistado por Medina, foi a primeira vez que um surfista brasileiro levantou esse troféu.

Há alguns dias, sentimos esse jogo virar... o havaiano John John Florence consagrou-se bicampeão da etapa brasileira do mundial, realizada no Rio de Janeiro. O surfista campeão disse sonhar desde os 17 anos em surfar no Brasil, e até comparou as ondas e o estilo do Rio de Janeiro com o Hawaii.

Muito próximo da torcida e encantado com a paixão dos brasileiros pelo surfe, seria John John um local das praias do Rio? E o Brazilian Storm, domina as ondas do Hawaii? Papeis invertidos e territórios trocados.

De qualquer forma, esses novos surfistas nos deixam uma lição: seja na praia, no mar, no país ou território que for, sejam brasileiros, australianos, havaianos ou americanos,
a geração atual do surfe é local em qualquer lugar do mundo. 

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