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Carta aberta de um torcedor do Botafogo para o atacante Sassá

Written by Marcos André | 17/jul/2017 19:01:00

Crédito foto: Vitor Silva/Botafogo

Olá Sassá,

Mês que vem completo 113 anos de vida – mas estou muito bem de saúde, não se preocupe. Durante esse mais de um século de existência, fui muito feliz. Alguns me chamam de solitário, mas para falar a verdade, não entendo o porquê... por onde passo, sempre tem muita gente me apoiando.

Vou admitir: preciso mesmo dessa ajuda! Afinal, sou conhecido como Glorioso. E ser glorioso sozinho não dá, né? Para conseguir esse feito, tive que contar com a força de vários amigos. Alguns deles são bem conhecidos, acho que você já deve ter ouvido falar. Tinha um com as pernas tortas. Mas tortos mesmo eram os dedos das mãos de um outro. Ah, que saudades! Mas não para por aí, não! Tinha amigos que eram chamados por um carinhoso diminutivo. Jairzinho, Quarentinha... Mas também tive outro, cujo aumentativo, hoje, abriga outros milhares de companheiros. Valeu, Niltão!

Crédito foto: Divulgação

Aliás, esses outros milhares de companheiros que citei sempre foram muito importantes para mim. Em cada partida, eles costumam dizer que não me escolheram. E o pior é que estão certos. Deixa eu contar um segredo: fui eu que os escolhi. É por isso que sinto, todos os dias, a obrigação de honrar as cores do Brasil – e claro, de nossa gente.

Ao longo desses primeiros 112 anos de vida, sempre tratei todo mundo com respeito. Mas a vida não é feita de reciprocidade, infelizmente. Foi com estranheza que recebi as declarações de um atleta que só ganhou projeção nacional por causa da estrela que carregava no peito. Ele disse que estava feliz por ir embora e poder jogar com “jogadores de verdade”, menosprezando tudo aquilo que sempre ofereci a ele.

Bem, é complicado... eu sempre tive em mente que um jogador de verdade tem gratidão por quem o ajudou e deixa as portas abertas para o futuro. Falando em futuro, estou bem feliz com o que os “jogadores de mentira” fizeram e ainda vão fazer. Sabia que eles já venceram quatro campeões da Copa Libertadores e estão a um empate de chegar às quartas de final?

Mas não se preocupe. Eu não guardo rancor. Não seria justo. Eu tenho 112. Você, 23. Quando você nasceu, o escudo da seleção carregava consigo apenas três estrelas. Na conquista de pelo menos duas delas, eu tive um papel fundamental. 

Só gostaria de pedir uma coisa: pesquise sobre mim! O brilho de minha estrela nunca deixará que minha história se apague.

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