Todo fim de Campeonato Brasileiro surge a ‘’famosa’’ discussão de qual fórmula é a melhor para a disputa da competição. Os defensores da fórmula do mata-mata, que teve como última edição o Brasileirão de 2002, defendem a tese da emoção e da disputa intensa pelo título, o que muitas vezes não acontece na fórmula de pontos corridos. Já os defensores da fórmula atual argumentam que o resultado final na tabela de classificação é mais justo e premia a equipe mais regular.
Esse ano em especial se destacam vários pontos que defendem os dois tipos de situação. É certo que a edição de 2015 é senão a mais, uma das mais emocionantes da era dos pontos corridos. Na luta pelo título, Corinthians abriu uma grande vantagem para o vice-líder Atlético Mineiro, porém o confronto direto entre as duas equipes que ocorrerá na 33ª rodada ainda mantém a esperança do atleticano em alta. Pelo G-4 , além dos líderes , sete equipes (Grêmio, Santos, Palmeiras, São Paulo, Internacional, Ponte Preta e Sport) ainda brigam pela vaga para a Copa Libertadores da América. Na parte de baixo da tabela, a luta para fugir do rebaixamento também está embolada, pois seis equipes (Figueirense, Avaí, Coritiba, Goiás, Joinville e Vasco) ainda se desafiam para sair da situação de desespero.
O contexto do campeonato descrito acima mostra que é possível ter um campeonato de pontos corridos emocionante. Além disso, o torcedor vem respondendo razoavelmente bem este ano, com a média de público nos estádios crescendo, mesmo ainda não sendo a ideal.
Em contrapartida, alguns exemplos podem ser bem favoráveis à volta do sistema de mata-mata. Em um fim de semana, onde nas séries A e B (disputa por pontos corridos) estavam ocorrendo a 32ª rodada, talvez de uma forma modorrenta, no mesmo período as séries C e D (disputa por mata-mata) apresentavam jogos que ficarão na memória do torcedor. Na 3ª divisão a emoção tomou conta nos jogos de volta pelas quartas-de-final (decisões que valiam vaga à semifinal e também à série B). O maior exemplo deles foi Fortaleza x Brasil de Pelotas, que fizeram um segundo jogo tenso, no Castelão, para mais de 60.000 pessoas. Na 4ª divisão do futebol brasileiro, no mesmo contexto citado acima, se viu um Remo x Operário-PR com uma bela festa da torcida do time paraense. Além disso, duas partidas testaram o coração do torcedor: São Caetano x Botafogo-SP (no qual a equipe de Ribeirão Preto segurou o empate fora de casa) e Ypiranga-RS x Caldense (vencida pelo time gaúcho nos penais: 4x3).
Desta forma pode-se alegar que, uma disputa por mata-mata nas primeiras divisões do campeonato nacional poderia fazer com que o público pudesse aumentar nos estádios, principalmente nas derradeiras decisões. Levando em conta que a maioria dos clubes que compõem a elite do futebol brasileiro, são os que possuem o maior número de torcedores no país.
Por último, o que deve ser abordado é o quanto a arbitragem pode influenciar em um ou outro sistema. Se diz que em um campeonato eliminatório, a possibilidade de um erro do árbitro ou do assistente pode influenciar diretamente no resultado final, pois acarretaria em uma possível eliminação de uma equipe, por se tratar de jogos de caráter decisivo. Porém, durante o Campeonato Brasileiro de 2015 erros decisivos ocorreram tanto na parte de cima, quanto na segunda metade da tabela, prejudicando e beneficiando equipes ao longo do certame e também influenciando a classificação final.
No primeiro, os erros são diretos e vistos mais claramente, e nos pontos corridos eles são diluídos com o passar das rodadas. O que não muda de uma situação para a outra é que os erros podem fazer a diferença negativamente, seja qual for o tipo de regulamento.
Enfim, independente de qual fórmula de disputa seja a melhor, essas questões colocadas devem ser sempre discutidas por um motivo essencial, atrair o torcedor aos estádios brasileiros. É necessário criar mecanismos para fazer o torcedor se sentir parte do espetáculo. E ainda não foi encontrada a solução.
