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Passou-se mais de uma semana da fatídica final da Copa América Centenário, mas o assunto Messi continua rendendo. Não poderia ser diferente: trata-se do maior jogador do século abdicando de jogar por seu país depois do quarto fracasso em finais em nove anos. Para ele, não dá mais. Chegou ao limite do sofrimento. Mas é esse sofrimento que é o principal combustível dos pedidos para que ele não deixe a sua seleção.
Muito da pressão que o jogador carrega quando veste a camisa albiceleste vem do mito Maradona. É natural, trata-se do grande ídolo futebolístico do futebol argentino. Mas mais do que isso, Maradona é Argentina. É o gênio imperfeito, o anti-herói, àquele que acerta, erra, ganha, perde, assume, personifica um povo. Maradona era um gênio, mas passional até a medula, algo que o argentino popular não via em Messi, ainda que já idolatrasse. Na final do último dia 26, se Messi não foi campeão, o jogador mostrou ser Argentina. O povo hermano nunca se sentiu tão identificado com o mágico rosarino quanto nesse dia, ao vê-lo enfrentando de maneira heroica a marcação implacável e ríspida dos chilenos.
O erro grosseiro de um pênalti decisivo no mesmo país onde Baresi e Baggio colocaram bolas em órbita há 22 anos seguido das reações de incredulidade, dor e tristeza desmancharam a imagem do jogador infalível e entidade intocável diante dos olhos do mundo inteiro. Veio a imagem do Messi mágico, porém, sentimental. Ainda que apenas naquele instante, ele se tornou um mortal. Àquele que antes espantava por protagonizar belezas e criar obras primas em um gramado, espantou pela genuína atitude de desabar em lamento.
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Acredito que Messi vá repensar tal decisão. Seria uma pena para o futebol de seleções perder um jogador dessa magnitude, o melhor da história depois de Pelé, de forma tão precoce, em pleno auge e por uma justificativa tão tola se levarmos em conta que se trata de um jovem que ainda criança atravessou o oceano para realizar o seu sonho.
Eu, um crítico ferrenho do romantismo exacerbado e das influências exageradas de Nelson Rodrigues em crônicas sobre futebol em plena era da internet, tenho que dar o braço a torcer: imagino um retorno apoteótico de Lionel Messi à Seleção Argentina sendo coroada com um título mundial em 2018, mesmo sendo torcedor brasileiro. Não consigo imaginar o tango ficando mais dramático do que já é na essência.
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