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Torcida única apenas contra a torcida única

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Virou (triste) rotina: quase todo clássico nos grandes centros do país apresentam um número maior de brigas e confusões fora de campo do que gols e lances que valham debates nas mesas esportivas de domingo. E, em geral, as confusões são acompanhadas das sempre calorosas discussões sobre como combater a violência relacionada ao futebol.

 

Na última semana, o Ministério Público de São Paulo divulgou a ação que, segundo eles, será eficaz para reduzir os problemas: os clássicos paulistas terão torcida única em 2016. A grande verdade é que a medida não tem nenhuma convicção de resolver o problema, mas sim “empurrar a sujeira para debaixo do tapete”.

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No último Palmeiras x Corinthians, ocorreram alguns pontos de briga. Nenhum deles foi dentro do estádio ou na Praça Charles Miller, enquanto que na zona leste ocorria o terror em linha de transporte público. No mesmo jogo disputado do ano passado, um ataque ocorreu na zona norte, local distante do Allianz Parque onde as equipes fizeram um belo jogo empatando em 3x3 – e novamente sem problemas dentro ou nas proximidades do estádio.

Obviamente o problema não é apenas no Derby paulista. O jogo entre Corinthians e São Paulo, também neste ano, não apresentou problemas em Itaquera, porém uma verdadeira pancadaria aconteceu em rodovia distante. Cruzeiro x Atlético-MG, no ano passado, teve caso semelhante em avenida e outros confrontos em Betim.

São apenas exemplos que parecem intermináveis, mas quase todos com a mesma regra: as confusões ocorrem longe dos estádios. Desta forma, fica difícil entender o que espera o nosso Ministério Público ao tomar uma medida como a que foi feita, estabelecendo torcida única. Parece uma ação descabida de razão, tentando dar alguma resposta qualquer para a sociedade.

A questão é muito maior do que simplesmente vetar uma torcida de assistir ao jogo do seu time no estádio e não é apenas esportiva: é caso de segurança pública. Pior do que isso é entender que a solução é apenas vetar a torcida visitante é quase um atestado de incompetência, é dizer para a sociedade que nossa segurança é incapaz de garantir a segurança dos jogos dentro dos estádios – coisa que não é verdade.

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Um dos envolvidos na confusão do Derby vencido pelo Palmeiras por 1x0 era um corintiano com histórico nada positivo. Ele estava entre os presos na Bolívia, em episódio que matou uma criança com uso de sinalizador, além de também estar presente em outra confusão em solo brasileiro, em Brasília. É evidente que, liberado, esse é um potencial causador de brigas. E esse não é caso isolado, mas sim uma repetição constante.

E tudo isto porque os praticantes das brigas e confusões costumam ser os mesmos. E, impedi-los de entrar no estádio em dias de clássicos, não os impede de frequentar as ruas da cidade em dias de jogos. Qual a garantia de não ter novas emboscadas em trem, metrô ou avenidas da cidade? Acreditar que o fator torcida única deixará esses torcedores mal intencionados em casa é de uma ingenuidade ímpar.

É evidente que medidas devem ser tomadas, mas não parece que simplesmente impedir a presença de torcedores visitantes no estádio vá resolver uma questão de segurança pública. O que realmente precisa ser feito é punir com rigor aqueles que saem de suas casas não em busca de comemorar um gol do seu time, mas querendo arrumar briga pelas ruas.

Torcida única não soluciona a violência. E, ironicamente, até agora a torcida única que existe é a de revisão desta determinação midiática e de pouco efeito prático.

 


 

Categorias: Futebol, torcida

Stéfano Bozza

Escrito por Stéfano Bozza

Administrador, palmeirense e apaixonado por futebol em uma escala que vai de Copa do Mundo até quarta divisão do paulistão. Não recusa uma partida, mesmo que seja entre Catanduvense x Inter de Bebedouro.

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